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Cifras & Letras

Análise conjuntura econômica

Pai do Real defende ambiente e prega fim da desigualdade

Para André Lara Resende, qualidade de vida é mais importante que consumo

Pesquisa diz que, a partir de determinado nível de renda, a redução das desigualdades contribui mais para o bem-estar que o crescimento

OSCAR PILAGALLO ESPECIAL PARA A FOLHA

Os artigos reunidos de André Lara Resende rejeitam um atalho muito usado para se formar opinião: o atalho dos estereótipos.

Em vez de refletir de forma independente, observa-se quem está dos dois lados e decide-se com quem se tem mais identificação. "A reflexão é substituída por um processo de empatia", afirma.

Lara Resende prefere correr o risco de pensar por conta própria. Não é um caminho fácil. "Sem alinhamento automático, corremos o risco de criar perplexidade e até mesmo de provocar irritação."

Economista tucano e um dos formuladores do Plano Real, o filho do escritor Otto Lara Resende não se escora no currículo para hipotecar suas fichas intelectuais a um dos lados.

Foge da "armadilha dogmática" sem se incomodar de pagar o preço de parecer contraditório.

O que não aceita são os rótulos de esquerda e direita, que considera ultrapassados.

Divide os campos ideológicos entre progressistas e conservadores e se sente confortável com a etiqueta de "conservador ilustrado".

Não se trata de eufemismo para elitista empedernido. O conservador, na definição do autor, é o cético que desconfia das propostas idealistas totalizantes, aí incluída a defesa do Estado mínimo feita pela direita radical.

Esse conservador também não acredita em utopias. "Seu objetivo é mais modesto: minimizar o sofrimento e melhorar a qualidade de vida."

É dessa perspectiva que ele defende o combate à desigualdade social, como algo mais prioritário do que o próprio crescimento econômico, e cobra respeito à exploração física do planeta, que já está próxima do limite do tolerável.

O fato de as duas ideias dificilmente penetrarem na agenda da maioria dos governos só torna mais relevante a intervenção de Lara Resende.

Da mesma maneira, o fato de tais propostas não partirem de um ambientalista extremado ou de um intelectual do campo progressista --de quem se esperaria essas opiniões-- tende a matizar o debate.

Os dois pontos estão interconectados. O crescimento econômico depende da manutenção de um modelo consumista que ameaça os recursos naturais.

Mas o que realmente conta, diz o autor, é a qualidade de vida, que não tem a ver, necessariamente, com expansão ou consumo.

Lara Resende cita uma pesquisa que mostra que, a partir de um determinado nível de renda, "a redução das desigualdades contribui mais para o bem-estar que o crescimento".

E como reduzir a disparidade dos padrões de vida? Ele não tem a resposta.

"O intelectual, ao contrário do político, do catequizador e do dogmático, não tem respostas." Só diz como isso não deve ser feito: com aumento da intermediação do Estado e restrições às liberdades individuais.

Lara Resende também aborda temas da conjuntura. Sobre a crise mundial, acha que será prolongada pela opção de se ter evitado a depressão. Trocou-se "um fim horroroso por um horror sem fim".

Sobre os juros altos no Brasil, diz que decorrem da estabilização inacabada, já que as reformas modernizadoras foram abandonadas.

OS LIMITES DO POSSÍVEL
AUTOR André Lara Resende
EDITORA Portfolio-Penguin
QUANTO R$ 44,90 (288 págs.)
AVALIAÇÃO bom


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