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Agência Bloomberg é acusada de espionar clientes de seu serviço

Empresa confirma que repórteres rastrearam as consultas de assinantes de terminal de dados

Erro é "indesculpável", diz editor-chefe; presidente do banco central americano teria sido um dos alvos

NELSON DE SÁ DE SÃO PAULO

Uma das principais agências de informação do mundo, a Bloomberg está sendo acusada de espionar clientes do serviço de dados financeiros provido pelo próprio grupo. Entre as "vítimas" estão autoridades econômicas e algumas das principais corporações do planeta.

O grupo fornece dados financeiros em terminais exclusivos, que funcionam sob assinatura. O serviço tem 315 mil assinantes no mundo, inclusive no Brasil. Segundo o "New York Times", os repórteres da agência de notícias eram treinados para usar um mecanismo interno que permitia rastrear as consultas dos assinantes dos terminais.

"Centenas" teriam agido assim, mas nenhum será demitido, segundo a assessoria da Bloomberg --que, além dos terminais e da agência, tem publicações, TV e rádio.

Além de funcionários dos bancos Goldman Sachs e JPMorgan, teriam sido alvo as assinaturas do presidente do Fed (o banco central americano), Ben Bernanke, e do ex-secretário do Tesouro Timothy Geithner. Os dois órgãos investigam a denúncia.

O Banco Central Europeu e o BC alemão também já questionam a Bloomberg. Procurada pela Folha, a assessoria da Bloomberg diz desconhecer casos no Brasil.

"INDESCULPÁVEL"

O editor-chefe da Bloomberg News, Matthew Winkler, reconheceu no domingo à noite que "repórteres tiveram acesso a informações de clientes". Em texto postado no site do grupo, confirmou que clientes questionaram a Bloomberg no mês passado.

"O erro é indesculpável", escreveu Winkler, lembrando ser ele o autor de "The Bloomberg Way: A Guide for Reporters and Editors" (O jeito Bloomberg: um guia para repórteres e editores, em tradução livre), considerado referência em ética jornalística nos Estados Unidos.

A notícia foi publicada pela primeira vez na sexta-feira pelo "New York Post", tabloide de Rupert Murdoch, que comanda um grupo concorrente, a News Corp., com um serviço de dados semelhante ao da Bloomberg.

O caso foi destacado pelo "Post" com uma foto de Michael Bloomberg, prefeito de Nova York e maior acionista do grupo, sob o enunciado "Big Brother Bloomy", Grande Irmão Bloomy.

Durante entrevista coletiva para tratar de uma obra da cidade, ontem à tarde, o prefeito se negou a comentar o caso. "Não posso falar nada, tenho um acordo de confidencialidade, você terá de falar com a empresa", disse Bloomberg, que se afastou do grupo ao ser eleito.

Já Murdoch, no Twitter, chamou a atenção para a notícia "biggie" (grande) de "repórteres da Bloomberg espionando clientes financeiros". A News Corp. de Murdoch vem enfrentando ela própria, há dois anos, um amplo escândalo de grampos jornalísticos no Reino Unido.

Matthew Winkler, em seu post, escreveu que as informações acessadas eram genéricas, sem decisões de compra e venda, por exemplo. E que a prática vinha desde os anos 1990, quando "entender como os clientes usavam o terminal era mais importante" do que a privacidade.

Mas o "Financial Times" noticiou ontem à noite ter localizado mais de 10 mil mensagens confidenciais trocadas por seus assinantes, nos anos de 2009 e 2010, e mantidas on-line pela própria Bloomberg. Elas só teriam sido tiradas do ar após o "FT" questionar o grupo.


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