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Wall Street renasce com recorde na Bolsa
Economia em ritmo de recuperação e juros reais negativos impulsionam o mercado de ações nos Estados Unidos
Desempenho pode ser afetado, no entanto, se o Fed (banco central) reduzir a compra de títulos dos bancos
Quase cinco anos após a quebra do banco Lehman Brothers, as Bolsas de Valores americanas escalam patamares até então desconhecidos, enquanto a Bolsa brasileira patina.
Com juros reais negativos, a recuperação da economia americana ganha força e o investidor volta a arriscar o dinheiro na Bolsa.
A semana passada foi a quarta consecutiva de valorização na Bolsa de Nova York, que acumula alta no ano de 17,2% no índice Dow Jones, que mede o desempenho das 30 maiores empresas do mundo, e atingiu 15.354 pontos.
O S&P 500, que engloba as 500 maiores companhias, foi a 1.667 pontos, somando 16,8% de alta no ano.
"O dinheiro está voltando para o mercado de ações. Em 2013, as aberturas de capital já somam 74 transações, com arrecadação de US$ 24,3 bilhões", diz Alex Ibrahim, da Bolsa de Nova York.
"A atividade econômica nos EUA está em franca expansão, saindo de uma crise, enquanto o Brasil está lidando com uma ressaca de um longo ciclo de expansão de crédito e de consumo. Os EUA já tiveram essa ressaca, estão se recuperando e as pessoas estão mais confortáveis em tomar riscos", diz Eduardo Karpat, mestre em finanças pela London Business School, que trabalha em uma gestora americana.
DESCOLAMENTO
A razão do descolamento brasileiro verificado agora não é a mesma que, em 2009, separou os dois mercados em posições opostas.
Há cinco anos, quando a Bolsa paulista ultrapassou os 70 mil pontos, o mundo era outro e a conjuntura beneficiava o Brasil como exportador de commodities para uma China que crescia a mais de 10%, segundo Roberto Sfeir, do EAS Consulting Group.
Agora, o cenário americano alcança níveis recordes, enquanto o Fed (o banco central dos EUA) mantém a compra de títulos dos bancos, injetando US$ 85 bilhões mensais na economia.
É imprevisível se a retirada do programa de estímulo vai desanimar os mercados.
Na quinta, as ações americanas recuaram após o presidente do Fed de São Francisco, John Williams, sinalizar a possibilidade de redução no ritmo de compras de títulos.
Para o Brasil pesa agora o fato de ter de contar com uma China com crescimento mais modesto, assim como um investidor estrangeiro menos humorado, decepcionado com a expectativa de reformas estruturais mais profundas, dizem analistas.
"Incertezas fiscais, monetárias e regulatórias continuam a ser um peso no mercado brasileiro. Como resultado, o mercado de ações do Brasil continua a figurar entre os mais baratos no mundo", afirma William Landers, gestor de fundos para a América Latina da BlackRock.