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Valorização do dólar no médio prazo ganha força
MARIANA CARNEIRO DE SÃO PAULO ANDERSON FIGO COLABORAÇÃO PARA A FOLHAA recente piora das contas externas brasileiras e a recuperação progressiva da economia dos EUA recolocaram a alta do dólar no radar das preocupações domésticas.
Influenciado pelo discurso do presidente do Fed (banco central americano), Ben Bernanke, o dólar comercial fechou em R$ 2,05 --maior cotação desde 26 de dezembro.
O Banco Central brasileiro não atuou para frear a valorização, mas analistas e operadores ainda acreditam que a autoridade monetária defende uma estabilidade da taxa de câmbio ao redor de R$ 2, com teto de R$ 2,05.
A retomada do crescimento econômico nos EUA alimenta a expectativa de suspensão dos estímulos monetários em vigor --são cerca de US$ 85 bilhões injetados por mês no mercado americano.
Ontem, em discurso, Bernanke sinalizou que pode retirar parte dos estímulos nos próximos meses.
Com essa saída, o rendimento dos títulos americanos tende a subir e atrair para os EUA investimentos hoje dispersos pelo mundo, inclusive no Brasil, valorizando o dólar globalmente.
A tendência já foi apelidada no mercado de "super dólar". E ganhou adeptos locais devido ao aumento das despesas de brasileiros no exterior ao mesmo tempo em que nosso principal mercado consumidor (China) dá sinais de que crescerá (e comprará) menos.
O descompasso adiciona pressão para a valorização do dólar no mercado doméstico.
A expectativa não é consensual. Mas, segundo Paulo Gala, estrategista da Fator corretora, a alta do dólar no é esperada no médio prazo.
"Ao longo do ano a pressão tende a aumentar, e o mercado testará o BC, que por sua vez deverá usar suas reservas [vendendo dólares] para segurar o câmbio", prevê.
Na sua avaliação, só em 2014, com a expectativa de reversão completa dos estímulos americanos --e elevação da taxa básica de juros por lá --é que a valorização do dólar tende a acelerar no Brasil.
Com o discurso do presidente do Fed, o dólar subiu frente a várias moedas, como euro, iene e dólar canadense.
"Mesmo que o BC interfira no câmbio, acho que a tendência segue de alta do dólar no médio prazo", diz José Carlos Amado, da gestora de recursos Renascença.