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Cifras & letras

Crítica romance

Crise de 2008 serve de pano de fundo para drama de tribunal

Livro reconstrói cenário de dramas pessoais que assolaram os americanos

RODOLFO LUCENA DE SÃO PAULO

A crise que atingiu os EUA no final da década passada foi talvez a de maior impacto direto nas economias familiares, com milhões de pessoas vendo suas economias virarem fumaça ou suas casas sendo perdidas para bancos.

Os dramas pessoais foram devastadores, muitos com final trágico. É esse o pano de fundo de "A Quinta Testemunha", romance de tribunal que tem como "personagem" principal a crise econômica deflagrada nos EUA em 2008.

Tão importante que o autor dedica diversas páginas para tentar explicar os mecanismos que desencadearam o desastre. São considerações rápidas, mas suficientes para que mesmo o leitor mais desinformado vislumbre o problema e suas raízes.

Acentuando o didatismo, a passagem em que a crise é tratada com mais detalhes é o momento em que o herói da história, o advogado Mickey Haller, explica para sua filha a situação geral que motivou o crime em julgamento ao longo do livro.

"Faz um certo tempo, começaram a facilitar a compra de uma casa. E não demorou para que praticamente qualquer um conseguisse um empréstimo. Houve um monte de fraude e corrupção. Algumas pessoas mentiam para conseguir empréstimos, e, às vezes, eram as financiadoras que mentiam", diz ele à filha.

Na continuação da conversa, aos poucos explica também a "bicicleta" e as hipotecas em cascata. Não usa a terminologia do mundo financeiro, mas mostra como bancos e casas de empréstimo trataram de terceirizar o serviço mais delicado ou sujo: a cobrança da dívida.

O advogado deixa claro de que lado está: "As instituições financeiras gigantes passam como um rolo compressor por cima das pessoas, e não tem muitos caras como eu por aí ajudando a defendê-las".

Sua cliente em "A Quinta Testemunha" pode ser considerada um desses militantes. Professora de estudos sociais, mãe de um menino de nove anos e abandonada pelo marido, Lisa Trammel resolveu reagir quando o banco ameaçou tirar sua casa hipotecada.

Passou a fazer manifestações em frente ao banco executor. Sua luta chamou a atenção da imprensa, e ela virou uma espécie de heroína dos novos sem-teto. Criou até um site contra os despejos.

Acontece que o vice-presidente do banco que executou a hipoteca aparece morto, assassinado. Tremmel é a principal suspeita, e todas as pistas levam a ela.

Cabe a Haller criar no júri uma dúvida razoável, mostrar que havia outros interessados na morte do executivo.

A ameaça de denúncia de fraudes feitas por cobradores terceirizados ligados à máfia poderia ser motivo mais do que plausível.

Aí, novamente, o autor vai beber na realidade. Os casos de fraude foram tantos que o governo Obama criou uma força-tarefa especial para tratar do problema --para saber mais, confira o site governamental StopFraud (www.stopfraud.gov). Há também um enorme portal que relata as ações governamentais contra crimes financeiros em geral (www.fincen.gov).

Autor premiado no terreno do mistério e do suspense, Michael Connelly também vem se destacando no subgênero "drama de tribunal".

Lançado em 2005, o primeiro romance da série com o advogado Haller frequentou a lista dos mais vendidos do "The New York Times" e até virou filme, "The Lincoln Lawyer", referência ao carro que o advogado usa como escritório --no Brasil, levou o título "O Poder e a Lei".

"A Quinta Testemunha" é também o quinto livro da série e, tal como o primeiro, entrou para a lista dos mais vendidos nos EUA.

Uma nova aventura de Mickey Haller deve ser lançada no final deste ano, segundo o site do autor (www.michaelconnelly.com).

A QUINTA TESTEMUNHA
AUTOR Michael Connelly
EDITORA Objetiva
QUANTO R$ 44,90 (424 págs.)
AVALIAÇÃO bom


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