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Jogo alemão

Final hoje da Copa dos Campeões é um exemplo do sucesso do modelo econômico dos clubes do país

ROBERTA CAMPASSI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE FRANKFURT

A disputa da final da Copa dos Campeões entre o Bayern de Munique e o Borussia Dortmund encerrará um penoso jejum para a Alemanha, há mais de uma década sem uma única conquista do mais importante campeonato de clubes do futebol europeu.

Ela promete também fortalecer os dois maiores clubes do país, justamente em um dos melhores momentos financeiros de suas histórias.

O confronto de hoje em Wembley em Londres, prova que os times alemães aprenderam a dominar não só os fundamentos táticos do futebol contemporâneo, mas também os econômicos.

Bayern e Dortmund surpreenderam o mundo com equipes ofensivas e velozes, de atletas jovens, habilidosos e capazes de deixar para trás a elite do futebol espanhol, abatendo Barcelona e Real Madrid nas semifinais.

Numa era em que o futebol é um negócio global, e os clubes, empresas, as duas equipes também se destacam por recordes de faturamento, lucros cada vez maiores e um controle rígido de gastos e dívidas que os diferencia de clubes ingleses, italianos, espanhóis e brasileiros.

Os números do Bayern exprimem bem essa realidade. Na temporada 2011/2012, registrou € 201,6 milhões apenas com o faturamento comercial, que engloba ganhos com patrocínio, publicidade, merchandising e venda de produtos aos seus cerca de 50 milhões de torcedores.

Incluindo também as receitas com a venda de ingressos e transmissão de TV, o time faturou um total de € 368,4 milhões (R$ 976 milhões) e manteve-se na quarta posição do ranking de faturamento dos grandes clubes.

Cresceu, no entanto, 14,6% sobre a temporada anterior, quase o dobro da expansão de Real Madrid, Barcelona e Manchester United.

Por trás da força dos "Vermelhos" está uma equipe de 500 funcionários, gestores profissionais e um conjunto de ex-jogadores do clube. "Futebol é show business', não esporte. O Bayern não é só um clube, mas uma empresa", declarou Paul Breitner, ele mesmo ídolo do futebol alemão e atual embaixador do Bayern, em visita ao Brasil, no início do mês passado.

Como bom embaixador, disse também que o clube "é o mais rico e mais sério no mundo do futebol".

Ironicamente, cerca de três semanas mais tarde, veio abaixo a reputação de Uli Hoeness, o todo-poderoso presidente do Bayern, ex-jogador do time e proprietário de uma fábrica de salsichas.

Segundo o jornal "Süddeutsche Zeitung" em abril, o homem que tornou o Bayern tão bem-sucedido financeiramente é agora investigado por sonegação de impostos sobre uma quantia que pode chegar a € 20 milhões.

LADO AMARELO

Sem revelações bombásticas, mas com vários altos e baixos, a história recente do Borussia Dortmund não é menos surpreendente.

Em 2005, o time beirava a falência, com sérias dificuldades para arcar com os custos assumidos em anos anteriores, principalmente com os salários de jogadores contratados a peso de ouro.

Foi quando uma nova gestão, que permanece até hoje à frente do clube, assumiu o comando e pôs em prática uma estratégia de reestruturação de dívidas, geração de receitas e corte de custos.

O clube também conseguiu recomprar seu estádio, o maior símbolo da sua forte relação com os torcedores: 80 mil pessoas assistem, em média, a cada jogo do Dortmund, número não superado por nenhum outro time europeu nesta temporada.

As receitas voltaram a crescer e, no ano passado, quando venceu pela segunda vez consecutiva o campeonato nacional, seu faturamento cresceu 36,5%, para € 189,1 milhões.

O time passou do 16º lugar para o 11º na lista dos 20 maiores clubes globais e teve lucro líquido de € 34,3 milhões, quase quatro vezes mais que no ano anterior.

GESTÃO É SOLUÇÃO?

Mas, afinal, são os resultados financeiros que ajudam o time a melhorar seu desempenho ou são as conquistas em campo que geram mais dinheiro para o clube?

A resposta parece ser uma combinação das duas coisas. "A boa gestão de um clube é o primeiro passo", diz Eduardo Generoso, diretor de projetos esportivos da empresa de marketing esportivo ESM.

"Sem organização, o time pode até ganhar em campo, mas depois não vai aproveitar bem o que arrecada nem controlar o que gasta."

Com mais dinheiro, mais fácil montar a equipe que fará o ciclo virtuoso continuar.

Mais fácil para o Bayern contratar Pep Guardiola, o venerado ex-técnico do Barcelona que assume a equipe em junho, ou para montar uma equipe com atletas caros, como o espanhol Javi Martínez (€ 33 milhões).

Uma das graças do futebol, porém, é justamente que ele não se submete a fórmulas. O Dortmund é prova de que é possível montar um time vitorioso sem despesas astronômicas. Em 2012, o jogador mais caro do time custou € 4,5 milhões de euros.

"Ao contrário do Bayern, o Dortmund teve tanto sucesso justamente porque eles não tinham nenhum dinheiro depois de quase falir, então foram forçados a fazer negociações inteligentes", afirma Uli Hesse, colunista alemão da ESPN.


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