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Após expansão, Marfrig busca 'tamanho adequado'
Com endividamento alto, empresa de carnes monta plano para vender ativos
Meta é reduzir dívida em R$ 2 bilhões neste ano; executivo diz que não houve erros, mas uma 'correta ambição'
Desde a abertura de capital, em 2007, o grupo Marfrig multiplicou por seis a sua receita líquida, fez mais de 40 aquisições e expandiu as suas operações para 18 países.
Mas o crescimento acelerado da processadora de carnes, parcialmente financiado pelo BNDES, resultou também em um alto endividamento. No primeiro trimestre, a dívida bruta atingiu a cifra inédita de R$ 13 bilhões.
"Não houve equívoco (nas aquisições). Houve, talvez, uma ambição, correta, que criou um grupo espetacular. Mas numa velocidade que ainda não é problema, mas que agora tem que se endereçar", disse à Folha Sergio Rial, principal executivo do grupo.
A dívida crescente, ao lado de dificuldades para gerar caixa, desagradou o mercado financeiro --as ações acumulam desvalorização de 12% em um ano--, exigindo uma reação da companhia.
A resposta veio na semana passada, quando a Marfrig apresentou a investidores uma espécie de reestruturação. A empresa prefere chamar a operação de "plano de melhora operacional".
"É preciso adequar o tamanho do grupo para termos uma estrutura de capital mais sustentável no longo prazo", afirma Rial, que hoje preside a Seara Foods --divisão de aves, suínos e processados-- e ocupará a presidência de todo o grupo em janeiro.
Isso significa reduzir o tamanho da companhia, mas sem perder receita, o que resultará em melhores margens de lucro e de resultados.
VENDA DE ATIVOS
O plano é fechar ou vender, até o final deste trimestre, quatro fábricas no Brasil e duas unidades na Argentina.
Nenhum ativo recebido da rival BRF no ano passado está nessa lista, segundo a empresa, pois a ideia é substituir fábricas mais antigas e menos eficientes por outras mais modernas ou com melhor localização.
A estratégia também prevê a redução da estrutura de confinamentos e mudanças na operação uruguaia em couros --as montadoras do Mercosul substituirão as europeias como clientes.
Nesse corte de despesas, sobrou até para a sede da empresa, que será transferida do valorizado bairro Vila Olímpia (SP) para a rodovia Anhanguera (SP), onde está o seu maior centro de distribuição.
Essas ações, segundo Rial, permitirão uma economia de R$ 250 milhões em capital de giro. Mas o compromisso da empresa com os investidores é reduzir a dívida bruta em R$ 2 bilhões neste ano.
Além de embolsar recursos com a venda de ativos, as melhorias operacionais permitirão atingir essa meta, diz Rial.
O plano de venda de ativos é parte de um projeto maior de reorganização da Marfrig.
Depois do crescimento acelerado, a empresa trabalha para "arrumar a casa" e profissionalizar a gestão.
No final de 2012, contratou Rial, que foi vice-presidente e diretor financeiro mundial da americana Cargill, para assumir, em 2014, a presidência do grupo no lugar de Marcos Molina, principal acionista e fundador da empresa.
Extraoficialmente, ele já assumiu as rédeas da empresa, com a missão de transformar a Marfrig em uma "empresa mais multinacional" e recuperar a confiança de investidores, que reagiram bem ao plano. Nas últimas duas semanas, as ações da Marfrig subiram 17%.
"Vamos buscar as sinergias que, até então, não fomos capazes de entregar de forma consistente", diz o executivo.
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