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Empresário surdo vence timidez e disputa prêmio nos EUA

Start-up de brasileiros foi uma das escolhidas para desafio internacional de tecnologia que ocorreu nesta semana

FELIPE GUTIERREZ ENVIADO ESPECIAL A BERKELEY (EUA)

O estudante de engenharia mecânica Thierry Cintra Marcondes, 25, fundador da Lux Sensor, encara os interlocutores fixamente em uma conversa. Surdo de nascença, ele tem cerca de 25% de audição e precisa ler os lábios das pessoas com quem fala. "Se a pessoa olhar para o lado, eu não vou entender", explica.

A empresa dele, uma start-up (empresa iniciante de tecnologia) que tem pouco mais de um ano, foi a única representante brasileira em um desafio internacional de tecnologia promovido pela gigante Intel nesta semana em Berkeley (EUA). No mundo inteiro, foram 18 mil inscrições; na América Latina, mais de 1.000, e, no Brasil, 98.

Marcondes aprendeu a ler lábios ainda criança, mas diz que, quando mais jovem, era muito tímido e tinha vergonha de se comunicar.

Em uma viagem ao Reino Unido, onde a mãe, professora de biologia da Unicamp, foi fazer pós-doutorado, decidiu que, mesmo com a dificuldade para entender o que as pessoas dizem, "a vida é muito curta para ser tímido".

No dia a dia de empreendedor, situações como apresentação em frente a uma plateia, conversas com investidores e busca por clientes não permitem timidez, e Marcondes toma a palavra sempre que tem oportunidade.

EMPRESA

A Lux Sensor nasceu dentro da Unicamp --das cinco pessoas que estão hoje na empresa, quatro ainda estudam lá e uma já se formou.

No ano passado, eles se juntaram para participar de uma competição de alunos da universidade. E nesse tempo vieram desenvolvendo o protótipo do produto deles.

Trata-se de um sensor para verificar se a gasolina que está sendo colocada no carro foi adulterada.

Wellington de Souza, estudante de engenharia elétrica que está na equipe, diz que o problema de combustível adulterado é algo típico dos países em desenvolvimento e por isso eles pensaram em uma solução para isso.

Para o responsável pelo braço latino-americano do concurso, Fernando Martínez, a Lux Sensor tem potencial. E não economiza elogios à Marcondes: "Ele atingiu muito, apesar da dificuldade para ouvir. Não é nem um pouco tímido, é articulado, fala inglês e espanhol fluentemente. Eu o acho incrível".

VENDORES

Mas a boa vontade de Martínez não garantiu o prêmio à empresa brasileira.

O prêmio de US$ 50 mil foi para a chilena Mobile Monitoring Station. Ela desenvolveu uma jaqueta que vem acoplada com sensores para mensurar dados de saúde de mineradores e do ambiente de trabalho deles.

Segundo o diretor-executivo da empresa, Maurício Contreras, 28, há um problema sério de silicose entre os trabalhadores desse setor --partículas de poeira se alojam no pulmão das pessoas, que começam a ter problemas respiratórios.

Outro cofundador da empresa, Jorge Morales, 28, diz que o intuito da peça de roupa com sensores acoplados que enviam dados a um smartphone próximo é que os trabalhadores tenham vontade de usar.

Quem paga pelo produto, no entanto, não é quem usa a roupa, mas a empresa, que, pelo menos teoricamente, não quer que o funcionário tenha complicações de saúde decorrente do trabalho.


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