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Curvas fazem manequim ganhar o mundo

Fábrica de Avaré (SP) exporta para países da América Latina modelo criado com sistema de escaneamento

Empresa produz de 60 mil a 70 mil corpos, bustos, braços e pernas por ano; faturamento em 2012 foi de R$ 42 mi

CLAUDIA ROLLI DE SÃO PAULO

Seios fartos, quadris largos e curvas de mulheres latinas em vez de corpos esguios de modelos europeias. Foi assim que a Expor Manequins, uma das maiores fabricantes de bonecos de fibra de vidro da América Latina, conseguiu ir de Avaré (SP) ao México, à Colômbia e ao Chile e ganhar as vitrines dos maiores varejistas de dentro e fora do país.

As réplicas que conquistaram mercado nasceram de um desafio lançado pela grife Victoria's Secret: transformar em escultura o corpo das "angels", como são conhecidas as top models da marca --a mais famosa delas é a brasileira Gisele Bündchen.

O projeto não vingou. Mas a tecnologia criada pela fábrica, um sistema de escaneamento que demorou um ano e meio para ser desenvolvido (até conseguir armazenar as informações no banco de dados eletrônico da empresa), serviu para produzir uma linha de manequins "latinas".

Em 2009, foi a vez da ganhadora da terceira edição do programa Brazil's Next Top Model, a gaúcha Camila Trindade, virar uma das 250 manequins produzidas por dia na fábrica.

Por ano, um contingente de 60 mil a 70 mil corpos, bustos, braços e pernas são feitos em diferentes medidas, tamanhos e posições. Trinta por cento são exportados para clientes da América Latina e dos EUA, como Aeropostale e Tommy Hilfiger. Os preços variam de R$ 700 a R$ 1.300 por manequim --o que garantiu faturamento de R$ 42 milhões no ano passado.

Vilemondes de Andrade Filho, conhecido como "seu Garcia", comanda a fábrica há 45 anos. São três os filhos que cuidam dos negócios da empresa, hoje com 300 funcionários, que produzem modelos de fibra de vidro, resina plástica e o que a imaginação permitir. São 10 mil clientes que compram produtos das 1.200 linhas já criadas --70% femininas, 20% masculinas e 10% infantil.

"Saí aos 21 anos de Uberaba (MG), onde meus pais tinham fazenda, para procurar emprego em São Paulo. Fiz teste e entrei numa antiga fábrica do centro que fazia manequins. De 1964 a 1969, aprendi muito lá e, quando a empresa faliu, eu e um amigo nos juntamos e decidimos tocar o negócio, com 35 funcionários", diz Garcia.

A Expor começou a crescer a partir dos anos 1970, quando, na Fenit (feira da indústria têxtil), mostrou modelos que, pela primeira vez, tinham articulações que permitiam mexer a cabeça e a cintura.

Foi em 1976 que a primeira boneca negra chegou a vitrines de São Paulo. "Vi que a nossa criação estava vestida com um uniforme de doméstica numa loja do Mappin. Entrei na loja e reclamei ao gerente que não era essa a nossa proposta. Ele reconheceu. Puxa, que mancada', ele me disse, e trocou a roupa", afirma o empresário.

De lá para cá, muito mudou. Hoje os modelos que fazem mais sucesso são o branco brilhante sem cabeça, o roxo, o preto brilhante e as latinas.

"O trabalho para cada rede é customizado porque elas têm de se diferenciar. O desafio é criar manequins que não roubem a cena do produto à venda", afirma Marcos Andrade, diretor da empresa.


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