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Hering prevê vida dura para as grifes de moda rápida

Para presidente da rede que fatura de R$ 1,8 bi com 689 lojas, vento a favor que soprava desde 2007 enfraqueceu.

Fábio Hering diz que disputa do setor será por fatia de mercado e que país precisa melhorar produtividade

MARIANA BARBOSA DE SÃO PAULO

A vida de GAP, Top Shop, Forever 21 e outras tantas grifes de moda rápida ou acessível que estão desembarcando no Brasil não vai ser fácil.

E os desafios não se resumem aos notórios problemas burocráticos e de logística do país. É uma questão da escala do modelo de negócios, avalia o presidente da Cia. Hering, Fábio Hering, 54, que comanda uma rede de R$ 1,8 bilhão de faturamento, com 672 lojas no Brasil e outras 17 no exterior.

Para ele, o modelo de grandes volumes, produção constante e reposição frenética de estoque nas lojas não é tão simples de replicar. "Marcas fortes do varejo americano têm presença pequena na Europa e vice-versa", diz ele. "Não se constrói uma presença relevante de uma hora para outra. Crescer leva anos."

Representante da quinta geração da família, Hering cita como exemplo a expansão, nos EUA, da espanhola Zara, do grupo Inditex, maior estrela do varejo moda rápida.

Com quase 2.000 lojas pelo mundo, a rede Zara tem apenas 44 lojas nos EUA, onde chegou em 1989. São só três a mais do que no Brasil, onde chegou em 1999. "É um modelo diferente das grifes de altíssimo luxo, que se internacionalizaram há mais tempo", diz Hering.

Essas marcas que estão chegando terão ainda o desafio de adaptar coleções ao gosto do brasileiro e também ao calendário das estações no hemisfério sul.

FIM DA FESTA

Diante desses e de outros tantos desafios, que afetam também as marcas nacionais ou estabelecidas há mais tempo, o empresário não acredita que a chegada de estrangeiras venha a provocar estragos no mercado nacional. E mais: elas talvez estejam chegando no final da festa.

"A mim espanta elas estarem chegando só agora", diz Hering, que, diferentemente de boa parte dos industriais do setor têxtil, defende o fim dos impostos de importação. "Não é o estrangeiro que faz medo. O temor é de nos próximos dois ou três anos não termos mais o vento a favor que tivemos desde 2007."

O mercado brasileiro de vestuário movimenta R$ 170 bilhões e, historicamente, cresce o dobro do PIB. "Tivemos nos últimos anos um impulso grande com a ascensão da classe média. Difícil estimar como o mercado vai se comportar daqui para a frente", diz ele.

Se na época da bonança todos cresceram indiscriminadamente, o contexto agora será de "rouba monte". "Num cenário de menor crescimento, independentemente de ser marca nacional ou internacional, só quem for competente vai conseguir crescer", afirma o executivo.

O mercado é bastante fragmentado. As cinco maiores redes (Lojas Marisa, C&A, Renner, Riachuelo e Hering) não possuem muito mais do que 10% do mercado.

"Dificilmente essas marcas novas, que estão se instalando em shoppings de alto luxo, vão conseguir vir com preços muito agressivos", afirma. Top Shop, GAP, Zara e a própria Hering estão todas no Shopping JK Iguatemi.

"Além disso, essas marcas vão concorrer com quem as visita em Miami, NY ou Paris, com preços bem diferentes dos encontrados lá."

Apesar de não esconder um certo pessimismo, Hering acredita que a conquista de consumo da classe média veio para ficar. "O brasileiro adquiriu novos hábitos de consumo, viaja mais, vai a restaurantes. E para isso precisa se vestir. Isso vai continuar", diz.

"A grande luta é buscar aumentos de produtividade, para que o Brasil deixe de ser tão caro, e resolver os problemas de infraestrutura. Mas não só de portos e estradas. Falo de mobilidade urbana, do ir e vir dentro das grandes metrópoles."


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