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Mais cético com o Brasil, grande investidor observa endividamento

Pesquisa com 730 investidores questiona se nível de débito das famílias do país é sustentável

Para eles, aumento da desigualdade é ruim para o capitalismo e títulos de países ricos serão mais arriscados

DE SÃO PAULO

Um novo estudo mapeou as causas da insônia do megainvestidor internacional.

Algumas delas: e se um ataque ao Irã repercutir no preço do petróleo? E se as desavenças comerciais entre EUA e China crescerem?

No caso do Brasil, a grande questão que se colocou foi sobre o risco de o endividamento atual das famílias se mostrar insustentável.

O trabalho do Economist Intelligence Unit, braço da revista britânica "The Economist", pediu que 730 investidores pelo mundo avaliassem o impacto de diferentes eventos nos resultados das suas aplicações, e também mostrou o que eles desejam.

O investidor pedirá de Natal uma China mais aberta, a indústria americana se recuperando de vez ou Portugal arrumando suas contas e evitando o risco de levar a Europa junto para o buraco.

Os entrevistados foram presidentes, diretores e integrantes de conselhos de administração, principalmente os de bancos e de grandes fundos de pensão.

Apesar da defesa da austeridade no caso de Portugal, 65% dos investidores entrevistados concordaram que o aumento da desigualdade de renda oferece riscos ao futuro do capitalismo.

Ronen Schwartzman, presidente do Ten Capital Advisors, de Nova York, foi citado no estudo dizendo, por exemplo, que, com a classe média americana empobrecendo, haverá um enfraquecimento da economia danoso para todos.

RISCO EUROPEU

Na Europa, a julgar pela atual conjuntura, será lucro se a situação não piorar.

Os investidores estão preocupados com as políticas francesa e italiana --a perda de confiança nesses países poderia espalhar instabilidade pela Europa.

A esta altura, porém, apenas 22%, consideram provável que a Grécia saia do euro.

Na América Latina, além dos suspeitos de sempre --Venezuela e Bolívia, vistas como sem segurança jurídica alguma-- e do endividamento das famílias brasileiras, os investidores comentaram outros dois problemas.

Um deles é a violência no México, que desagrega o país e causa instabilidade econômica. O outro é o descontrole inflacionário argentino.

"O grande investidor sabe que os países da América Latina não são todos iguais", diz Janie Hulse, editora do estudo. "A Argentina, em comparação com o Brasil, tem criado uma imagem mais vinculada à Venezuela e a outros países problemáticos. O Brasil tem a sua inflação, mas não é nada comparável com o que há na Argentina."

De qualquer forma, em 2011, 41% dos entrevistados achavam que o Brasil estava entre os três países com maior potencial de crescimento para o próximo ano. Na pesquisa atual, foram 29%.

MUITO DINHEIRO

Por fim, os entrevistados foram questionados sobre as consequências do excesso de liquidez atual --em outras palavras, o governo americano tem liberado uma quantidade imensa de dólares na economia, e esse dinheiro tem de ir para algum lugar.

O destino mais citado foi o aumento radical da dívida pública dos países ricos --os próprios Estados Unidos, principalmente. O investidores receiam que esse débito se torne grande demais.

Se ele ficar impagável, o que a Casa Branca poderia fazer seria dar um calote, com consequências impensáveis, ou tolerar maior inflação --a correção de preços, embora desorganize a economia e penalize especialmente os pobres, reduz o valor real da dívida. É um calote disfarçado.

Assim, os títulos públicos dos países ricos são campeões na categoria "ativo que deve se tornar mais arriscado no médio prazo". Em segundo, o destino mais citado dessa liquidez foram as propriedades nos emergentes, como imóveis no Brasil.


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