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Tempestade chinesa

Setor têxtil fica em pé de guerra com fabricantes da China que vieram fazer negócios com pequenos e médios varejistas e confecções

CLAUDIA ROLLI DE SÃO PAULO

Empresários e trabalhadores da área têxtil se uniram ontem em um protesto contra a importação e o desemprego no setor, em frente a uma feira de fabricantes chineses em São Paulo que vieram ao país para incentivar negócios com pequenas e médias empresas brasileiras.

De olho nesses varejistas e confecções, a feira, realizada por entidades ligadas ao governo chinês, informa que pretende orientar as empresas a descobrir "o caminho das importações dos grandes" e facilitar o acesso a um mercado até então restrito às redes de maior porte.

São 340 expositores entre fabricantes de artigos de moda e produtos para casa, além de tecidos, fibras e fios.

Previsto para ocorrer até amanhã no Palácio de Convenções do Anhembi, o evento causou a reação de lideranças da indústria e trabalhadores representados pela Força Sindical que consideraram a feira uma "afronta" ao país.

A entrada principal do espaço foi bloqueada. Mas, a pedido da Polícia Militar, os manifestantes decidiram recuar e não despejaram as cinco toneladas de algodão levadas para interromper o acesso ao local.

"Os investimentos chineses são bem-vindos aqui. Mas não dá para aceitar a destruição da indústria nacional nem dos empregos", diz Fernando Pimentel, diretor da Abit (associação da indústria têxtil e de confecção).

A cada segundo são importados pelo Brasil, US$ 224 de têxteis e produtos confeccionados, segundo dados da entidade. "Nos últimos dez anos, o volume de importações de roupa passou de US$ 100 milhões para US$ 2,7 bilhões e, no mesmo período, os empregos passaram de 3 milhões para 1,6 milhão", afirma Ronald Masijah, presidente do Sindivestuário.

No acumulado até setembro deste ano, o setor demitiu 55 mil trabalhadores -- 10.422 no setor têxtil e 44.579 em vestuário, indica o IBGE.

Há fabricantes chineses que recebem 27 subsídios para aderir a programas do governo que estimulam a exportação de produtos, afirmou Alfredo Bonduki, presidente do Sinditêxtil-SP.

"Não consigo fazer um produto similar ao chinês pelo mesmo preço que ele chega ao Brasil, mesmo se eu tiver lucro zero e só cobrar o custo somente da matéria-prima e da mão de obra", diz Masijah, que também é diretor da Darling, fabricante de lingeries.

Das 30 mil empresas de confecção e vestuário no país, 80% são de pequeno porte. O setor reivindica com o governo federal um regime tributário que permita o setor se tornar mais competitivo.

Pan Faming, diretor do Grupo China Trade Center, um dos organizadores do evento, afirma em comunicado que foi "surpreendido" pelo protesto, que o objetivo da feira é ser uma fonte de produtos para as confecções brasileiras, reduzindo custos de viagem --e não destruindo empregos. Também diz que os mostruários expostos respeitam as vias legais de entrada de produtos no país e que a Receita Federal está supervisionando a feira.


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