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Carrefour planeja abrir capital no Brasil
Varejista francesa contratou banco de investimento para desenhar operação em que pode levantar mais de R$ 10 bi
Grupo afirma que não comenta rumores de mercado; operação seria inspirada na do Santander, em 2009
O Carrefour, segundo maior grupo supermercadista brasileiro, planeja abrir o capital na Bolsa brasileira, operação em que poderá levantar mais de R$ 10 bilhões no ano que vem.
A Folha apurou que a varejista contratou pelo menos um banco de investimento para desenhar a operação.
Parte do dinheiro levantado deve ir para os sócios na França, que pressionam os executivos por melhora nos resultados e querem reduzir a participação no segmento de varejista.
O Carrefour é controlado por uma aliança do fundo Colony com Bernard Arnauld, dono da Louis Vuitton.
O restante deve ser reinvestido na abertura e reforma das lojas, além da diversificação da atuação do Carrefour no Brasil.
Desde o fracasso da proposta de fusão com o Pão de Açúcar em 2011, encampada pelo empresário Abilio Diniz, a subsidiária brasileira do Carrefour tem sido alvo de sucessivas especulações tanto sobre a venda da operação quanto de abertura de capital no país.
Os rumores aumentaram neste ano após a rival Via Varejo, controlada pelo Grupo Pão de Açúcar e dona das marcas Ponto Frio e Casas Bahia, decidir pela entrada na Bolsa de Valores.
A abertura de capital no Brasil deve ser inspirada na realizada pelo espanhol Santander em 2009, quando levantou R$ 14 bilhões.
Procurado, o Carrefour disse que não comenta rumores de mercado.
IMPORTÂNCIA DO BRASIL
O Carrefour faturou R$ 31,4 bilhões em 2012, atrás apenas dos R$ 57,3 bilhões apurados pelo Grupo Pão de Açúcar e á frente dos R$ 25,9 bilhões do Walmart, segundo a Abras (Associação Brasileira de Supermercados).
O Brasil é o segundo maior mercado do Carrefour após a França, respondendo por cerca de 14% dos resultados mundiais da empresa.
A unidade brasileira está sob intervenção branca desde 2010, quando o Carrefour descobriu um rombo contábil de € 500 milhões no país e substituiu toda a diretoria.
MOMENTO DA BOLSA
Apesar das condições ruins de mercado neste ano, os bancos de investimento veem uma normalização das captações na Bolsa em 2014.
O cenário econômico de incertezas (tanto no Brasil como no exterior) fez uma série de empresas suspender nos últimos meses a decisão de abrir capital na Bolsa.
Foi o caso, por exemplo, da Votorantim Cimentos, que desistiu em junho de fazer a oferta de ações.
Segundo levantamento da firma americana Renaissance Capital, foram realizados seis IPOs (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações) de pelo menos US$ 100 milhões no Brasil neste ano, obtendo US$ 7 bilhões.
O país é o sexto que mais realizou esse tipo de operação no mundo até o momento. A maior abertura de capital no mercado brasileiro em 2013 foi a do BB Seguridade (braço segurador do Banco do Brasil), que levantou R$ 11,5 bilhões com a venda de ações em abril.