Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Salada mediterrânea

Telefónica, sócia da Telecom Italia, manobra para que empresa venda a subsidiária brasileira TIM. Espanhóis são donos da Vivo no Brasil

JULIO WIZIACK DE SÃO PAULO

Uma disputa travada no conselho da Telecom Italia pode resultar na venda da TIM, segunda operadora de telefonia móvel do Brasil.

A Telecom Italia é dona da TIM e também tem subsidiária na Argentina. Hoje, 80% do caixa sai da matriz.

O Brasil (TIM) contribui com 10%, mesmo peso da filial argentina. A rentabilidade da operação brasileira é quase a metade da italiana.

Nesse cenário, a venda da TIM seria uma das saídas para obter recursos, turbinar a infraestrutura (rede) com fibras ópticas e, assim, preservar a "galinha dos ovos de ouro" --a operação italiana.

A Folha apurou que essa opção é defendida pela Telco, empresa que possui 22,4% da Telecom Italia e é formada por Assicurazioni Generali, Mediobanca, Intesa Sanpaolo e a Telefónica.

Generali e Mediobanca querem sair da empresa e, juntamente com a Telefónica, são contrários à ideia que está no conselho: um aumento de capital de até € 3 bilhões ou um corte de dividendos, que seriam reinvestidos.

Na Telecom Italia, as decisões são tomadas por 15 conselheiros. A Telco possui quatro representantes e dois são da Telefónica. Há ainda sete independentes, que poderiam ser convencidos a optar pela venda da TIM. Somados, teriam poder de decisão. Hoje, não há consenso.

TRUQUE

Para testar a força da Telco na Telecom Italia, o Findim Group, um dos acionistas minoritários da operadora italiana, marcou uma assembleia para dezembro. Na pauta está a destituição dos conselheiros da Telco por um suposto conflito de interesse.

Caso não seja aprovada, ficaria explícita a interferência da Telco no comando da Telecom Italia. Assim, os minoritários poderiam pleitear uma oferta de compra do controle da Telecom Italia pela Telco, uma transação de, pelo menos, € 15 bilhões.

Enquanto isso, o Findim trabalha para reunir, entre os conselheiros independentes, votos contrários à venda da TIM e favoráveis ao aumento de capital. Até agora, conseguiu somente 10%.

À FORÇA

A Telefónica tornou-se acionista da Telecom Italia em 2007 e, naquela época, o Cade, a autoridade brasileira que defende a competição no país, impôs barreiras. Os espanhóis teriam de se retirar das reuniões da Telecom Italia em que o assunto TIM fosse discutido.

Motivo: a Telefónica é dona da Vivo, líder do mercado de celular no Brasil.

O imbróglio acentuou-se no final de setembro, quando a Telefónica pagou € 325 milhões para ampliar sua fatia na Telco. Saltou de 46,5% para 66% de participação (com ações sem voto) e chegará a 70% em janeiro, comprando as fatias de Generali e Mediobanca.

Essa transação aumentará a influência da Telefónica na Telecom Italia e, por conseguinte, na TIM. O Cade já enviou ofício, cobrando as reais intenções da Telefónica.

O grupo espanhol respondeu que nada mudará, mesmo ampliando sua participação na Telco.

Mas, segundo apurou a reportagem, a ideia da operadora espanhola é assumir o comando da Telco ao mesmo tempo em que o conselho da Telecom Italia decidir sobre a venda da TIM.

Alguns sócios italianos acreditam ainda que, caso decidam pelo aumento de capital ou corte de dividendos, a Telefónica protocolará o pedido de compra do controle da Telco na Anatel.

Pela legislação brasileira, isso obrigaria a Telecom Italia a discutir a venda da TIM. Mas essa hipótese, considerada pelos italianos um "golpe regulatório", tem pouca chance de passar.

Nos bastidores, ela é considerada "absurda" pela Telefónica, que se diz "mera expectadora" dessa controvérsia sobre os rumos dos negócios da operadora italiana.

Oficialmente, a Telecom Italia afirma que a TIM não está à venda. A Telefónica não quis comentar.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página