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Mercado

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Análise preço dos combustíveis

Mercado calcula o preço da ingerência política

Política previsível de reajustes poderia impulsionar a Bolsa e melhorar o humor dos investidores estrangeiros

Ações subiram, mas a inflação implícita não andou: metade do mercado acreditou, a outra, não

ANDRÉ PERFEITO ESPECIAL PARA A FOLHA

Poucos assuntos evidenciam tanto a falta de racionalidade do investidor quanto a Petrobras. A gigante brasileira suscita casos de amor e ódio em questão de dias, e o resultado da empresa apresentado na sexta-feira passada não foi exceção.

Para ter uma ideia do tamanho da falta de juízo dos investidores com a empresa, entre 2003 e meados de 2008, as ações da Petrobras subiram em Nova York nada menos que 2.400%, ou seja, uma média de 81,6% ao ano.

E isso em dólar!

De lá para cá, devolveu 72%. Hoje a ação da petroleira brasileira está em linha com seus pares europeus e americanos e, na verdade, até um pouco melhor que esses.

Isso ocorre porque a Petrobras não é uma empresa comum. Não sejamos ingênuos; todos sabemos que ela cumpre um papel no arsenal econômico do governo e quem reclama do governo agora no comando da estatal, lá no meado da década passada, achava tudo muito bom e se iludiu alegremente com as promessas de um Emirado Tropical.

No entanto, dinheiro não leva desaforo para casa durante muito tempo, e os analistas da empresa são enfáticos em apontar que a trajetória atual da contabilidade da empresa é o prenúncio de um haraquiri público.

Não vamos entrar no detalhe contábil, queremos apontar outra questão.

A Petrobras já deu, a nosso ver, sua cota de patriotismo e acumulou até agora uma dívida líquida de US$ 193 bilhões. Ao segurar a gasolina, a empresa carregou nas costas o preço do ajuste macro recente.

Todos calculam o custo da ingerência política na empresa, mas são poucos os que botam no papel onde estariam a Selic e o PIB se fosse o contrário.

O governo deveria realmente encarar o atual momento como uma oportunidade de ouro para deslanchar o principal entrave da economia brasileira.

Se a Petrobras segurou a demanda na marra, seria hora de ela empurrar o investimento à força.

Criar uma política mais previsível de reajustes, como sugerido pela própria empresa, traria um efeito multiplicador poderoso que teria o seguinte mecanismo de transmissão: alta da gasolina sobe a ação da Petrobras, que por sua vez impacta positivamente o Ibovespa, que sugere melhora macroeconômica do Brasil, que valoriza o real e cria um clima mais ameno para o investimento, em especial o estrangeiro.

Ontem as ações subiram na esperança que saia do papel a proposta, mas a inflação implícita não andou, ou seja, enquanto metade do mercado acreditou, a outra metade não. Para variar, a racionalidade falha com a Petrobras.


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