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Sindicato de auditores afirma temer intimidação da Fazenda
Corregedoria investigará suposta ingerência externa no órgão
O Sindifisco Nacional, entidade que representa os auditores fiscais, considera que a investigação da Corregedoria-Geral do Ministério da Fazenda sobre as razões da saída de Caio Marcos Cândido da direção da Receita Federal é uma tentativa de intimidá-lo e evitar novas críticas.
A corregedoria abriu processo para apurar as afirmações do ex-subsecretário de Fiscalização da Receita, que deixou o cargo reclamando de "influência externa" em decisões do fisco.
O caso foi revelado pela Folha, há três semanas.
Aberto pela corregedora da Fazenda, Fabiana Vieira Lima, o processo é sigiloso. Mas a Folha apurou que Cândido deve ser chamado nos próximos dias para explicar o conteúdo de sua mensagem.
Se o depoimento apontar indícios de "influência externa" na Receita, a corregedoria terá de abrir uma sindicância para investigar as acusações.
Caso o ex-subsecretário não possa sustentar suas afirmações, ou voltar atrás, poderá sofrer punição.
Para o sindicato dos auditores, é difícil provar a ingerência externa, pois isso seria subjetivo.
A saída do ex-subsecretário escancarou a insatisfação do corpo da Receita com medidas adotadas pelo governo para aliviar a situação de grandes devedores.
Nos últimos dois meses, Brasília concedeu benefícios para grandes empresas abaterem impostos atrasados e no momento estuda reduzir a tributação sobre os lucros de multinacionais brasileiras no exterior.
A corregedoria da Fazenda foi criada em junho e está diretamente ligada ao gabinete do ministro Guido Mantega. No papel, seus funcionários possuem autonomia para investigar os colegas mais graduados, de todos os órgãos vinculados à pasta.