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Gastando uma Fábula

Após Miami, brasileiros endinheirados buscam castelos na Europa e casas na Disney

RODRIGO VIZEU COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NA NORMANDIA (FRANÇA)

Que tal ter como retiro de férias um castelo do século 16, com 18 quartos em 1.200 m² de área construída, 11 hectares de jardins cuidados, espelhos-d'água e estátuas? Mais: uma capela do século 18, quatro torres, fosso e ponte levadiça. Tudo na Normandia, a duas horas de Paris.

Comprar uma propriedade do tipo --no caso citado, por € 8,5 milhões (R$ 24,5 milhões)-- está entrando cada vez mais no radar de brasileiros endinheirados, que, além de castelos, buscam "villas" (mansões) e propriedades com haras ou vinícolas.

O mercado imobiliário de luxo da França vê um crescimento do número de brasileiros que visitam e compram seus imóveis. Segundo o grupo Barnes International, um dos principais do setor, a procura de imóveis franceses pela clientela brasileira cresceu de 10% a 15% desde 2009, mesmo na crise econômica.

"A Europa não está tão sexy, mas houve essa alta na demanda na crise", diz Balkys Chida-Klewer, consultora de bens de luxo da Barnes.

O grupo Mercure, outro importante do setor, também apontou a chegada de brasileiros entre sua clientela. Neste ano, a empresa disse ter sido contatada por uma dezena de clientes do país interessados em imóveis do tipo.

Uma venda importante do grupo a um brasileiro foi a de um castelo de € 3 milhões no centro do país. O imóvel pertenceu a Jean-Bédel Bokassa (1921-1996), líder da atual República Centro-Africana que viveu exilado na França.

Já o castelo na Normandia citado no início da reportagem seria visitado por um potencial comprador brasileiro, um empresário que atua em diversos setores e tem € 10 milhões para desembolsar em sua nova aquisição (a corretora pediu que o nome dele não fosse publicado para não comprometer o negócio).

O local também tem história: passou pelas mãos de várias famílias francesas de nobres e burgueses e, durante a Segunda Guerra Mundial, foi residência de um marechal alemão e escritório da Gestapo, a polícia nazista.

Os brasileiros integram uma tendência mais ampla de aumento de clientela estrangeira que ajuda a movimentar o mercado imobiliário francês em meio à escassez de compradores locais ou de países vizinhos. Chineses, russos e árabes também se tornam mais numerosos.

O aumento da presença deles entre os proprietários ou locatários de imóveis é percebida, por exemplo, em Deauville, cidade da costa da Normandia conhecida por atrair milionários do eixo Paris-Londres-Bruxelas interessados em corridas de cavalos, cassinos, golfe e proximidade da capital francesa.

PREFERÊNCIAS

Corretores apontam que, entre grandes propriedades no interior da França, o maior interesse dos brasileiros é na Normandia, com destaque para imóveis com estrutura para criar cavalos de corrida ou praticar hipismo.

A região vinicultora de Bordeaux também atrai.

Os consultores Gaëtan Mary e Charlotte Alaurent citam uma diferença de interesse entre franceses e estrangeiros em relação à decoração.

Enquanto os locais preferem residências de campo ou praia que evoquem rusticidade ou autenticidade, compradores internacionais, sobretudo russos, gostam de ostentar luxo e riqueza.

"Mas isso tem relação com o fato de que, às vezes, alguém que compra uma propriedade em outro continente tem mais capital, enquanto um francês que compra algo na França não necessariamente é tão rico", diz o corretor Bertrand Couturié, especializado em casas de campo.

Chida-Klewer, da Barnes, afirma que o grosso de sua clientela brasileira vem de São Paulo e do Rio. "Os clientes de São Paulo são muito exigentes, refinados, cultos e atentos à identidade e à memória histórica europeia."

Ela diz que, embora chame a atenção o interesse pelas grandes propriedades no interior, a vedete da clientela brasileira é Paris, sobretudo a turística região de Saint-Germain-des-Prés, na margem esquerda do rio Sena.

Em uma Paris de apartamentos antigos e espaços diminutos, outra demanda difícil de suprir é por imóveis grandes. "Para alguns, 300 m² é muito pouco", diz.


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