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Análise Brasil-EUA

Proposta de acordo ainda é um tiro distante

Plano é ousado perante propostas mais simples empacadas, mas mostra laço comercial mais sólido que o político

LUCIANA COELHO EDITORA-ADJUNTA DE "MERCADO"

Pedir um acordo de livre-comércio entre o Brasil e os EUA como fez a Confederação Nacional da Indústria tem, de imediato, peso mais simbólico que concreto para os dois lados. Nem por isso, porém, é desimportante.

No mínimo, a demanda feita ontem indica amadurecimento no comércio bilateral (que é, afinal, o que rege as relações entre os dois países).

Sintoma desse momento caloroso entre os respectivos empresariados é que a proposta ocorra bem quando os governos em Washington e Brasília se olham com frieza.

Mais além, entretanto, o quadro é pouco animador e merece um check-up.

A balança comercial brasileira passa por seu pior momento desde 1998 (se considerados o deficit de janeiro a outubro e a superdependência de produtos básicos).

Da profusão de diálogos e iniciativas entre os dois países, poucos produziram mais do que espuma e promessas.

Além disso, o governo Dilma deixa clara a preferência comercial por outros países (China, sobretudo), enquanto parcerias com os EUA que poderiam trazer resultados positivos, como a do setor de energia, são esvaziadas por questões internas aqui e lá.

Até conquistas celebradas, como a queda de uma sobretaxa dos EUA ao etanol brasileiro, acabaram sendo inócuas --quando a barreira caiu, no fim de 2011, o Brasil praticamente não tinha mais biocombustível a exportar.

O histórico recente dos dois países em foros mundiais, como a Organização Mundial do Comércio, é de antagonismo (ambos trocam acusações de abusar de subsídio, e os americanos ainda consideram o mercado brasileiro fechado demais).

Ao mesmo tempo, com as negociações globais para liberalizar o comércio travadas, os EUA investem em acordos pluri ou bilaterais com países da Ásia, da América Latina e a da União Europeia.

Há risco concreto, portanto, de, quando a retomada do comércio internacional pós-crise vier (e há de vir), o Brasil sobrar sem par na festa.

Isso tudo é o prólogo. Fechar acordo desse tamanho não é tarefa de meses e, salvo um surto de diligência cá e lá, tampouco será para o próximo governo.

No momento, o Brasil volta energias para a incipiente negociação entre Mercosul e União Europeia, essa já com seus próprios percalços.

Nossa última tentativa, a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) foi enterrada há dez anos. Sem saudades.


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