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Cifras&Letras

Crítica biografia

Sonhos grandiosos e batalhas movem criador da Amazon

Biógrafo narra com fluidez disputas de Jeff Bezos no comando da empresa

DUFF MCDONALD DO "NEW YORK TIMES"

Em "The Everything Store" ("A loja de tudo"), a envolvente crônica de Brad Stone sobre a ascensão de Jeff Bezos e da Amazon, o autor revela que, no fim dos anos 1990, Bezos pensou seriamente em obter duas cópias de cada livro já publicado e armazená-las em um depósito.

Conhecida como "Projeto Alexandria" ou "Arca de Noé", a iniciativa não vingou.

O "Projeto Fargo" era ainda mais ambicioso: uma proposta de ocupar todo um armazém com uma cópia de cada produto já fabricado.

"Trata-se do projeto mais crítico na história da Amazon", Bezos teria declarado. Não era, mas mostra a dimensão de suas ideias grandiosas.

Na história de Stone, Bezos aparece como um deus vingativo e punitivo, ao menos quando se trata daqueles que trabalharam para ele, concorreram contra ele ou pensaram que formavam uma espécie de parceria com ele.

O autor obviamente admira o homem que lhe serve de tema, mas é difícil dizer se gosta dele. Aliás, é difícil dizer se alguém gosta dele.

Com patrimônio de US$ 27 bilhões (R$ 62 bilhões), Bezos ainda força os funcionários a pagar estacionamento, e houve momentos em que preferia colocar ambulâncias de serviços particulares de saúde nas imediações de seus armazéns, durante ondas de calor, a pagar por condicionares de ar a mais.

Em certo nível, é necessário que ele seja sobreumano, porque basta ler a história para que você se sinta cansado em nome do protagonista, tantas as batalhas: contra os pessimistas de Wall Street, a Barnes & Noble, o Walmart, a Apple, o eBay, o Google, as editoras de livros, o Netflix, as autoridades tributárias estaduais --a lista é longa.

Se isso soa mais que suficiente para monopolizar a atenção de um homem, você está errado. Bezos também comanda uma companhia de capital para empreendimentos e foi um dos primeiros investidores no Google, no Twitter, no Uber e na "Business Insider", entre outras empresas. E há sua recente aquisição de um modesto veículo jornalístico chamado "Washington Post".

Há quem extraia força do conflito, e Bezos parece se divertir muito ao se provar mais esperto até mesmo que seus parceiros mais próximos. O setor editorial, por exemplo, não sabe bem como entregou voluntariamente a Bezos a espada com a qual ele deceparia a cabeça da indústria.

Algumas conquistas de Bezos são absurdamente complicadas --como o esforço da Amazon para definir a forma mais eficiente de entregar um pedido. Mas o longo período de Stone cobrindo a empresa (primeiro na "Newsweek", depois no "New York Times" e agora na "Bloomberg Businessweek") dá ao relato segurança e fluidez.

BOAS HISTÓRIAS

Stone sabe quando criar uma pausa, relatando episódios divertidos sobre o jiu-jítsu competitivo da Amazon.

Na temporada de festas de 1999, os dirigentes da divisão de brinquedos da Amazon estavam preocupados em não conseguir atender a demanda por brinquedos Pokemón. Por isso, compraram todo o estoque de brinquedos dessa linha disponíveis no site da Toys "R" Us, que os enviou com frete zero.

A companhia certamente sofreu prejuízo com a venda desses itens. Mas adivinhe qual das duas empresas deixou os fregueses mais felizes?

Bezos merece lugar no panteão dos empreendedores. Mas Stone também oferece fortes argumentos para posicioná-lo como substituto de Bill Gates no comando dos bilionários geeks.

Estamos falando de um homem que, devido ao amor que tem pela série "Jornada nas Estrelas", considerou chamar a Amazon de MakeItSo.com, citando a frase de comando do capitão Picard.

Stone elogia muito a presciência de Bezos. O fundador da Amazon compreendeu há muito o truque de experiência que a Samsung usa contra a Apple na guerra dos smartphones; a Apple se preocupa com cada detalhe de seus novos produtos, enquanto a Samsung cria modelos de todas as cores, formas e tamanhos e depois descobre quais vendem mais.

A Amazon age da mesma maneira. É como apostar em todos os cavalos de uma corrida --e Bezos está certo.

Stone aponta o paradoxo de um livro sobre Bezos ser publicado por uma das companhias cuja existência a Amazon ameaça. Mas tudo isso serve para levar adiante a história da "loja de todas as coisas": hoje, todas as estradas do varejo parecem começar e terminar na Amazon.

THE EVERYTHING STORE - JEFF BEZOS AND THE AGE OF AMAZON"

AUTOR Brad Stone

EDITORA Little, Brown and Company

QUANTO A partir de US$ 16,40 (576 págs.)


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