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Planos irrealistas empacaram licitações
Prazos exíguos, retornos pouco atraentes, falta de planejamento e gigantismo de projetos foram maiores entraves
Para Gleisi, porém, sem ousadia gargalos de infraestrutura não serão desfeitos, e país será menos competitivo
Os problemas nas concessões de ferrovias pouco diferem dos das de portos e rodovias, também atrasadas. A avaliação, no próprio governo, é que se "esticou a corda" demais na negociação com as empresas, com a fixação de retornos pouco atrativos.
Os prazos também eram inviáveis. Para ter uma ideia, no caso das rodovias, as obras deveriam ser concluídas em cinco anos. Em alguns projetos, o governo chegou a prever apenas quatro meses.
Como o programa de concessões era considerado uma alavanca para a economia em 2014 --ano eleitoral--, o governo lançou concorrências mesmo sem amadurecê-las.
As empresas não fizeram lances porque, em alguns casos, não havia sequer estudos aprofundados dos trechos ofertados. Diante da longa lista de projetos, os empresários focaram os mais rentáveis.
Não houve também um comando único sobre o processo, que passou por vários órgãos, que muitas vezes divergiam, criando dificuldade no diálogo com as empresas.
Mudanças radicais de modelo também deixaram passivos negativos. Assim como nas ferrovias há problemas para retomar concessões, nos portos os atuais concessionários reivindicam direitos que o governo nega existir.
O Planalto foi alertado, em 2012, para todos esses problemas e interpretou o aviso como "choro" dos empresários. Decidiu "pagar para ver". Resultado: perdeu a aposta.
A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, discorda. Segundo ela, houve concessões bem-sucedidas em várias áreas, como petróleo, energia e aeroportos. "Mostramos que é possível fazer muito em pouco tempo."
E o programa, afirma, faz jus ao tamanho do país. Além disso, o governo precisava ser ousado porque os gargalos na infraestrutura tornam o produto nacional pouco competitivo: "Só vamos ter resultado grande se tivermos grande planejamento e ousadia". Gleisi informa que o governo está adequando o plano para avançar ainda mais nas concessões no próximo ano.