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Precursora das aéreas baratas, Ryanair se reajusta
LEANDRO COLON DE LONDRESO mercado aéreo de baixo custo na Europa vive um reajuste. Aquela história de pagar pouco pelo bilhete e, em troca, pagar a mais por serviços básicos começa a mudar.
Maior "low-cost" do continente e a mais popular do mundo, a britânica Ryanair se mexeu após reclamações de passageiros a colocarem no incômodo posto de marca mais odiada do país, das cem listadas na revista "Which?".
As medidas coincidem também com previsão de queda do lucro de R$ 1,7 bilhão para R$ 1,53 bilhão neste ano.
A mudança de mais impacto para quem voa Ryanair deve ser o fim da bagunça das poltronas --a possibilidade de reserva antecipada, adotada há um ano por sua maior concorrente, a Easyjet. Juntas, as duas têm 52% do setor de baixo custo na Europa.
Hoje, quem não paga R$ 60 (muitas vezes, o equivalente à passagem) para reservar assentos nas primeiras filas ou nas saídas de emergência tem que disputar lugar ao entrar no avião da Ryanair, um caos.
A partir de fevereiro, a taxa para marcar qualquer assento vai variar de R$ 45 a R$ 60, mas quem não pagar será automaticamente alocado.
A Ryanair vai extinguir ainda a cobrança de R$ 220 para um volume de mão extra e a taxa para corrigir o nome no bilhete, além de cortar 80% do valor para imprimir o cartão de embarque no aeroporto quando se faz check-in pela internet, entre outras coisas que enervam clientes.
Acaba também o "feirão da madrugada", a venda de produtos em voos entre as 21h e as 8h.
TENDÊNCIA
Segundo John Strickland, diretor da JLS Consulting e especializado no setor aéreo da Europa, as medidas mais apontam uma tendência das empresas de tentar contentar o consumidor do que uma previsão de risco futuro.
Para ele, o mercado "low-cost" não está ameaçado, mas as empresas entenderam ser preciso reduzir a agressividade com que tentam compensar o preço do bilhete.
"O lucro continua alto, e a Ryanair não cresceu por acidente. As pessoas querem pagar menos e dispensar luxos."
"O que está ocorrendo é a empresa reconhecer o que os passageiros querem, aceitando as reclamações para não perdê-los e ainda tentando atrair outros para viajar com ela. Isso é competição."
O mercado "low cost" cresceu 14% por ano na última década, ante 1% das empresas "clássicas", estima a OAG (Official Airline Guide). No Reino Unido, 43% dos voos internacionais são com elas.
Procurada pela Folha, a Ryanair admitiu que mexeu nas regras devido às reclamações, mas negou preocupação com a imagem negativa.
"Há 81 milhões de pessoas voando com a Ryanair ao ano. Essa é a pesquisa mais importante", disse Robin Kiely, diretor de comunicação. "Estamos constantemente tentando melhorar o setor e lançamos melhorias para isso."