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Burocracia será menor que a do Brasil, diz advogado
Foco no consumo interno abre oportunidades, avalia responsável por 1 dos 3 escritórios do Brasil com licença para operar na China
As reformas econômicas da China poderão representar uma oportunidade para ampliar a pauta de exportações brasileiras, na opinião do advogado Rodrigo do Val Ferreira, 35, desde 2005 está à frente do escritório Felsberg e Associados em Xangai.
O escritório é um dos três brasileiros com licença para atuar na China e representa clientes como Banco do Brasil, BRF, Embraco, Gerdau, Queiroz Galvão e Renner.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista:
Folha - Como as reformas poderão contribuir para melhorar o ambiente de negócios?
Rodrigo do Val Ferreira - No médio e longo prazo, deve-se esperar uma China bem menos burocrática, mais próxima do ambiente de negócios de Hong Kong do que do Brasil. A China ganhará ainda mais competitividade.
Isso é muito bom para as empresas brasileiras aqui, mas não muito bom para as que operam no Brasil, onde o ambiente de negócios é muito burocrático.
As reformas poderão facilitar o investimento de empresas brasileiras na China?
Sem dúvida. O grau de discricionariedade e o poder de decisão das autoridades na China é muito grande.
É necessário um sem-número de licenças para coisas que, em outros lugares, são simples.
O que a reforma busca é simplificar procedimentos, com mais transparência, objetividade e rapidez.
Como uma eventual redução da presença estatal na economia pode se refletir nos negócios de empresas brasileiras?
Com um ambiente de negócios mais transparente, diminui-se tanto a margem de incerteza sobre resultados, como também o tempo e o custo para se atender às exigências do governo.
Compare, por exemplo, o ambiente de negócios de Hong Kong com o da China: se determinado investidor quer sair de um negócio e vender sua participação em uma empresa na China, é necessário notificar as autoridades chinesas e que ela concorde com a substituição.
Em Hong Kong, basta arquivar a alteração social. Por isso, em muitos casos, investidores constituem uma controladora em Hong Kong para investimentos a serem feitos na China e, quando há o interesse em sair do negócio, vendem a controladora.
O foco no consumo interno abre oportunidades para empresas brasileiras?
Sem dúvida nenhuma. A entrada da China como um grande mercado de consumo, e não só de exportação, é extremamente vantajosa para o Brasil, que, apesar dos pesares, se mantém competitivo em diversos setores.
Isso coloca toda a responsabilidade de um eventual deficit na balança em nossas mãos. Somos nós que devemos fazer nosso dever de casa, tornar competitiva nossas exportações e investir, como as empresas de outros países, no marketing de nossos produtos, em vez de simplesmente vender commodities.
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