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Análise Galeão

Por que o 'patinho feio' dos aeroportos vale tanto

Valor é levemente menor que o pago por Guarulhos (SP), mas capacidade de crescimento é várias vezes maior

DIMMI AMORA DE BRASÍLIA

Parece estranho que o Aeroporto Internacional de São Paulo, que tem o dobro do faturamento e passageiros, tenha custado menos que o do Rio de Janeiro. Guarulhos teve valor da outorga de R$ 16,2 bilhões no ano passado e Galeão (RJ), R$ 19 bilhões.

Alguns fatores relativizam essa estranheza. No caso do Guarulhos, o valor tem que ser pago anualmente por 20 anos. Já para o Galeão, são 25 anos. Além de tornar a parcela menor, é no fim do período --com os maiores investimentos já feitos-- que entram mais recursos e saem poucos.

Além disso, em Guarulhos, a concessionária tem que pagar 10% do faturamento anual ao governo, o que dava mais uns R$ 2 bilhões em valores de 2012, ante R$ 1,2 bilhão pelo Galeão.

Por isso, o Galeão é levemente mais barato. Ainda assim, vale a pena pagar tanto por uma unidade considerada o "patinho feio" dos aeroportos do Brasil? O leilão demonstrou que vale. E muito.

Não foi apenas a dupla vencedora Odebrecht/Changi que fez proposta ousada. A EcoRodovias/Fraport também ofereceu mais do que por Guarulhos (R$ 13 bilhões contra R$ 12 bilhões). O consórcio Carioca Engenharia/ACP e Schipol fez o mesmo.

PROJETO MILITAR

Galeão foi projetado pelos militares durante a ditadura para ser o cisne dos aeroportos: o maior do hemisfério sul. Sua capacidade pode chegar a 80 milhões de passageiros/ano, quase 500% a mais do que a atual. Guarulhos não cresce além de 70%.

Além disso, a atual situação do aeroporto é basicamente causada por uma péssima gestão da Infraero, responsável por torná-lo o "patinho feio". A unidade ficou inchada, lenta e sem planejamento. Explora mal suas áreas comerciais e de carga e não consegue dar respostas a problemas simples.

Um exemplo: os apagões frequentes da unidade podem ser resolvidos por uma obra que não custa mais de R$ 500 mil. Mas, desde 2005, orçamentos são feitos, com, no mínimo, o triplo do valor necessário, e o problema não se resolve.

O irônico é que o vencedor do Galeão foi um dos que mais reclamou do ágio dado por Guarulhos, dizendo que o alto valor poderia tornar o aeroporto inviável. Terá o desafio de mostrar que não fez o mesmo com o Galeão, comprometendo assim sua transformação em cisne.


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