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Brasileiro é um dos que mais sacam dinheiro vivo

Em 2012, quase R$ 1 trilhão saiu dos caixas automáticos; tendência é de alta

País é 3º no mundo nessa operação; bancos querem trocar saques por uso de meio de pagamento eletrônico

SHEILA D'AMORIM DE BRASÍLIA

Quase toda semana a aposentada Vera Queiroz, 87, caminha até o caixa eletrônico perto do apartamento onde vive, na área central de Brasília, e saca um pouco menos de R$ 500.

Apesar de ter cartões de crédito e débito, diz que não abre mão de andar com "dinheiro vivo" na bolsa.

Assim como dona Vera, seja para pagar a diarista, a manicure, a cabeleireira, seja para simplesmente deixar as notas empilhadas na carteira, cada vez mais brasileiros retiram mais dinheiro dos caixas eletrônicos.

Essa é uma realidade que as instituições financeiras lutam para mudar com o lançamento de instrumentos de pagamentos via celular, cartão pré-pago ou moedeiros virtuais.

No ano passado, quase R$ 1 trilhão saiu das máquinas dos bancos para circular no bolso das pessoas, de acordo com dados do Banco Central.

O total é um dos mais altos no mundo, perdendo para China e Rússia, de acordo com levantamento feito em 23 países e divulgado pelo BIS (instituição que reúne estatísticas dos principais bancos centrais do mundo).

Entre 2008 e 2012, enquanto o volume movimentado em todas as operações disponíveis nos ATM's (como são oficialmente chamados os caixas eletrônicos) cresceu cerca de 30% no Brasil, o montante de saques aumentou o dobro (60%).

PASSANDO OS DEPÓSITOS

Há cinco anos, esses terminais eram mais usados para fazer depósitos, operações que respondiam por 44% das transações realizadas. Em 2012, a participação dos depósitos caiu para 35%. Os saques passaram de 37% para cerca de 46% no período.

De acordo com os dados do BC, a quantidade de dinheiro vivo na mão da população no ano passado é maior do que o valor movimentado pelos cartões de crédito e débito (R$ 706 bilhões), uma indústria em franca expansão.

"É uma evolução natural. Há alguns anos, ninguém saía sem cheque. Hoje, poucos usam", diz Mário Neto, diretor de cartões da Caixa.

"Parte da movimentação via cheque passou para os cartões, mas o papel-moeda não foi substituído por nada", afirma o executivo.

Segundo ele, no Brasil, a circulação de dinheiro ainda ganha impulso pela economia informal.

Para as instituições financeiras, os saques como os de dona Vera significam custo.

É preciso fazer manutenção nos caixas eletrônicos, transportar as cédulas, garantir a segurança das operações e dos clientes.

Segundo o executivo do Bradesco Marcos Bader, no Brasil esses gastos somam quase 1% do PIB (Produto Interno Bruto).

"Estima-se que, no mundo, essa despesa fique entre 0,8% e 1,2% do PIB. A substituição do dinheiro físico é benéfica para todos."

FLINTSTONES X JETSONS

Para Bader, além de mais seguros, os novos meios eletrônicos de pagamento regulamentados no início do mês pelo BC equivalem "a sair da época dos Flintstones para a era dos Jetsons", numa comparação das séries de TV dos anos 1960 nas quais uma família vivia na Idade da Pedra e a outra num futuro imaginário altamente tecnológico.

"É mais seguro, mais racional, mais econômico, mais moderno", defende.

Para Bader, nos próximos quatro anos, o país viverá uma mudança profunda nos meios de pagamento, com a possibilidade de usar o celular nas transações.

"Levamos 200 anos para chegar a ter metade da população adulta bancarizada. Agora, serão mais 200 semanas para alcançar o resto", diz animado com as possibilidades de negócios abertas pelo Banco Central.


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