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Análise economia internacional

Recuperação global requer mais abertura

Países desenvolvidos precisam reencontrar o equilíbrio entre setores fechados e abertos ao comércio exterior

MICHAEL SPENCE ESPECIAL PARA O PROJECT SYNDICATE

O mapa de crescimento da economia mundial é relativamente claro. Os EUA estão em recuperação parcial, com crescimento de 1,5% a 2% e emprego defasado. A Europa cresce pouco acima de zero, com grandes variações entre os países. A China está se estabilizando em torno dos 7%, e outros países em desenvolvimento se preparam para taxas de juros mais altas.

Em muitas economias avançadas, o padrão pré-crise depende de endividamento e reforçou o lado da economia que não tem condições de participar do comércio externo, reduzindo o peso do comércio internacional.

Como a economia interna sofre restrições devido à dependência da demanda, a recuperação dependerá do setor aberto ao comércio.

Isso já está acontecendo nos EUA, onde as exportações estão acima de seu pico anterior enquanto as importações continuam contidas; o deficit em conta corrente está em recuo; e mesmo o emprego líquido no setor aberto ao comércio externo está em alta (pela primeira vez em mais de duas décadas).

A economia norte-americana é relativamente flexível, e essa forma de ajuste estrutural do setor privado ocorre com razoável rapidez.

Mas o principal problema é que o investimento do setor público continua muito abaixo do necessário. A parte difícil é alterar a composição da demanda interna, do consumo para o investimento, sem aumentar o peso da dívida.

Isso significa pagar pelo processo via setor público, por meio de impostos e redução no consumo domiciliar (e acumulação de patrimônio).

Também significa encontrar o equilíbrio correto entre a demanda interna e externa, e levar em conta a sensibilidade do crescimento em médio e longo prazo à composição (e tamanho) da demanda interna agregada.

Diante desse pano de fundo, as autoridades monetárias precisam ser cautelosas, porque taxas de juros baixas podem devolver o modelo de crescimento ao padrão de dívida e demanda interna, o que paralisaria a virada estrutural na direção de uma abertura maior ao comércio externo, que está em curso.

Diversos países europeus também se tornaram dependentes demais da demanda interna e precisam se reequilibrar. Mas o desafio para eles é muito maior, e o processo será mais lento.

A velocidade do ajuste estrutural é influenciada pela facilidade com que o emprego pode ser transferido do setor fechado ao setor aberto, e de um segmento a outro das cadeias mundiais de suprimentos. O grau de flexibilidade do mercado de trabalho varia consideravelmente, e as reformas que o ampliem têm importância crítica.

Uma moeda subvalorizada também tende a produzir desequilíbrio de crescimento: um setor aberto ao comércio de dimensões desproporcionais, e demanda interna agregada insuficiente, o que pode resultar em um problema de emprego.

O ponto principal é que restaurar o crescimento requer análise cuidadosa do balanço estrutural, atenção às restrições de demanda no setor fechado e foco nos obstáculos à expansão do setor aberto ao comércio externo.

Alguns desses obstáculos envolvem rigidez na ponta da oferta; outros se relacionam mais a demanda interna inchada. Nenhum dos dois pode ser ignorado se desejamos uma recuperação robusta.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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