Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Cifras & letras
Crítica tecnologia
Redes sociais transformam reputação em forte moeda
Livro discute impactos das novas tecnologias na economia tradicional
Na opinião de Joshua Klein, que lança agora "Reputation Economics" (Economia da reputação), o prestígio nas redes sociais está dando impulso a novas formas de fazer dinheiro.
Reconhecido por aplicar a abordagem de pensamento sistêmico (grosseiramente, a compreensão das interdependências entre os saberes) em variadas áreas, o autor também é famoso por treinar corvos a recuperar moedas perdidas. É autor de mais dois livros --um sobre negócios e um de ficção científica.
Um exemplo brasileiro ajuda a ilustrar as ideias da obra: antes, seria impensável exibir de graça um programa de humor pela internet ou que uma empresa patrocinasse humoristas que a satirizaram. Mas o retumbante sucesso do canal gratuito "Porta dos Fundos" aponta para uma nova realidade.
Certamente ainda é preciso cobrar algo de alguém. Porém a ordem desse processo mudou. No caso do "Porta dos Fundos", o conteúdo é oferecido de graça na internet, visando lucro no futuro --com patrocínio e convites para participações em programas de TV, comerciais, teatro e cinema.
A visão que o público tem do programa é tão positiva que as empresas até aproveitam a sátira à sua marca para criar uma nova forma de exposição.
Não por acaso trata-se de uma start-up, uma empresa embrionária. Segundo Klein, por serem criadas em um ambiente de maior colaboração, essas empresas beneficiam-se mais da reputação e do trabalho voluntário, enquanto as grandes corporações são lentas, pois são construídas sobre sistemas burocráticos e metódicos.
Ao longo da história, nós usamos variados sistemas para regular as trocas financeiras. A reputação sempre exerceu um papel principal. A reputação do Brasil afeta o modo como investidores internacionais tomam sua decisão de investir aqui, como podemos notar hoje em dia.
Na teoria da administração de empresas, a reputação de uma companhia é um ativo estratégico que pode ser alavancado para gerar vantagem competitiva. Mas é fácil achar os contraexemplos, como empresas de tabaco, telefonia ou aéreas que lucram a despeito de sua péssima reputação. Isso dá sentido a uma leitura complementar sobre o tema, como nos mostra o autor.
TRANSFORMAÇÕES
A parte mais interessante da leitura é a que trata de como a nossa economia tradicional está sendo transformada pela tecnologia, especialmente a internet.
Antigamente, fazíamos negócios apenas com pessoas da nossa região, de reputação conhecida. As redes sociais já mudaram o modo como eu contrato uma consultoria, me hospedo ou alugo um carro, uma vez que posso fazer a cotação de serviços de desconhecidos baseando-me na reputação deles.
Hoje, existe um número grande de plataformas para autenticar, validar e apoiar a reputação de alguém, entre eles o LinkedIn e o Facebook. Essas redes ajudam os usuários, individuais ou corporativos, a tirar proveito de recursos não financeiros, como chamar um táxi de uma maneira mais simples.
Klein faz um bom trabalho ao contrapor o papel da moeda e delinear cenários de como a reputação se tornou uma ferramenta que empregamos intuitivamente para avaliar marcas, produtos e corporações.
A questão agora não é se você ou a sua empresa entrarão na economia da reputação; mas quando isso acontecerá.
REPUTATION ECONOMICS - WHY WHO YOU KNOW IS WORTH MORE THAN WHAT YOU HAVE
AUTOR Joshua Klein
EDITORA Palgrave Macmillan
QUANTO US$ 12,75, na Amazon (R$ 29,75, 276 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo