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Ações da Petrobras despencam até 10% após decepção com reajuste

Foi o maior tombo desde a crise de 2008; analistas veem falta de clareza na política de preços

Ministro Guido Mantega diz que governo pode voltar a cobrar Cide se inflação voltar a patamar 'confortável'

VALDO CRUZ DE BRASÍLIA ANDERSON FIGO DE SÃO PAULO

As ações da Petrobras despencaram até 10% ontem após a decepção com o reajuste de 4% da gasolina, considerado insuficiente, e com a falta de detalhes sobre a política de preços da estatal.

Os papéis mais negociados (preferenciais, sem voto) fecharam em queda de 9,21% (R$ 17,36), e os ordinários (com voto) caíram 10,37% (R$ 16,42). Foi a maior perda diária de ambos os papéis desde 12 de novembro de 2008, auge da crise nos EUA, quando recuaram 13% cada um.

Juntas, as ações respondem por 12% do Ibovespa, termômetro dos negócios com ações no país. O índice fechou com queda de 2,36% --a maior desde 30 de setembro.

Na sexta, a Petrobras anunciou um aumento de 4% para gasolina e de 8% para o diesel nas refinarias. Nos postos, a expectativa é que o aumento fique entre 2% e 2,5%.

A estatal anunciou que não divulgará os critérios de reajuste, mas disse que o modelo irá garantir a "convergência dos preços internacionais dos combustíveis ao mercado doméstico".

ESTATAL PREJUDICADA

Representantes de petroleiras presentes ontem ao Palácio do Planalto para a cerimônia de assinatura do contrato de exploração do campo de Libra disseram à Folha que a Petrobras foi prejudicada pelas decisões recentes do governo.

Segundo eles, tanto o percentual, que ficou abaixo do reivindicado pela estatal, como a suposta nova metodologia de cálculo dos aumentos significaram, na prática, um derrota para a estatal.

Na avaliação do setor, a criação de uma "nova política de preços", como foi divulgado na sexta, pareceu mais uma forma de reduzir o desgaste da Petrobras na disputa com o Ministério da Fazenda, que era contrário a qualquer reajuste automático da gasolina e do diesel, por temer efeitos na inflação.

Analistas reclamaram da falta de transparência sobre a "nova política", que não acaba com o poder da Fazenda sobre o reajuste.

A expectativa do mercado é que, pelo menos no ano da eleição, a definição dos preços fique sob controle total da equipe econômica.

A equipe de análise do Citigroup rebaixou a recomendação às ações da estatal de compra para neutra, ressaltando que o reajuste veio menor do que eles projetavam.

O mercado ficou também frustrado com a falta de detalhes sobre o acordo entre a empresa e o governo. "Foi perdida a chance de mudar a falta de clareza nas decisões da empresa", diz Luana Helsinger, analista do GBM.

Segundo o analista-chefe da XP Investimentos, William Alves, "a companhia permanecerá sendo afetada, destruindo valor para os acionistas". O reajuste também não agradou ao BTG Pactual: "Não sabemos se esse é um sinal do tamanho médio das altas dos preços no futuro", disseram Gustavo Gattass e Stefan Weskott, em relatório.

TRIBUTO DE VOLTA

O ministro Guido Mantega disse ontem que o reajuste de 4% foi insuficiente, mas que a gasolina teve alta de cerca de 30% desde 2011, ante 15% de inflação no período.

"Ninguém mais do que eu gostaria que a Petrobras tivesse um lucro maior. Ela paga muito Imposto de Renda [além de dividendos]", disse.

Mantega disse ainda que o governo pretende retomar a cobrança da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico em 2014, assim que a inflação estiver em um "patamar mais confortável".


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