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PIB fraco pode não afastar estrangeiro, avaliam executivos
Banco de investimentos Credit Suisse diz que tamanho da economia ainda torna Brasil atrativo a investidores
Apesar disso, governo precisará reforçar a credibilidade, porque país vai competir com EUA e Japão em 2014
Apesar do baixo crescimento econômico, o Brasil continua atraindo o interesse de investidores estrangeiros.
A avaliação foi feita ontem por executivos do banco de investimentos Credit Suisse, um dia após o IBGE informar que a economia encolheu 0,5% entre julho e setembro.
O banco administra um patrimônio avaliado em R$ 94 bilhões no país.
"Não vejo o pessoal tão negativo assim sobre o Brasil", afirmou o diretor Marcelo Kayath. "O reajuste da Petrobras talvez tenha sido uma decepção, mas não dá para fechar os olhos para o sucesso no leilão de Libra e na concessão dos aeroportos."
Segundo o executivo, o interesse pelo Brasil permanece tanto entre clientes interessados em fusões e aquisições quanto para investimentos no mercado de capitais.
O presidente do banco no Brasil, José Olympio Pereira, observou que o investimento estrangeiro direto (que vem ao país para instalação de fábricas e compra de empresas) continua em níveis elevados.
No ano encerrado em outubro, somou cifra equivalente a 2,6% do PIB. Mas já foi maior. Em janeiro, era 2,8%.
"O Brasil tinha uma combinação que era considerada incomparável", disse Olympio, referindo-se ao tamanho de economia, ao potencial de crescimento e à estabilidade institucional. "Mas esse tripé ficou meio capenga."
O crescimento ficou menor e as interferências do governo em alguns setores, como nos contratos de energia elétrica e na administração do preço da gasolina, abalaram a estabilidade.
"Ainda conservamos tanta atratividade pelo tamanho da economia. Mas temos que cuidar para mantê-la."
Isso porque, frisou ele, o Brasil não compete mais por recursos apenas com países emergentes, mas também com EUA e Japão, que retomam o crescimento.
Um exemplo seria evitar o rebaixamento pelas agências de classificação de risco, que, se ocorrer, será "lastimável".
A avaliação do banco é que 2014 será "desafiador", com risco de haver mais volatilidade, com a decisão dos EUA sobre os incentivos que ajudaram a reerguer sua economia e as eleições no Brasil. O fluxo em aplicações financeiras, como em títulos públicos e em ações, tende a sofrer mais com esse sobe e desce.
A BM&FBovespa informou ontem que os estrangeiros elevaram sua fatia nos negócios na Bolsa, de 42% em novembro de 2012 para 47% neste ano. O volume aplicado por esses investidores ficou positivo em R$ 521 milhões --entram mais recursos do que saem desde julho.
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folha.com/no1380759