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Análise

Políticas públicas vão na direção certa, mas faltam foco e recursos

Este é o paradoxo: o esforço tecnológico aumenta em segmentos importantes da indústria, mas a participação deles na economia diminui

FERNANDA DE NEGRI LUIZ RICARDO CAVALCANTE ESPECIAL PARA A FOLHA

Os resultados da pesquisa de inovação (Pintec) divulgados ontem pelo IBGE não mostram nenhum avanço excepcional.

A taxa de inovação na indústria caiu de 38,1% para 35,6% entre 2008 e 2011, enquanto o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) registrado na Pintec passou de 0,58% para 0,59% do PIB ou de 0,93% para 0,96% do faturamento das empresas.

Esse resultado é fruto tanto de uma conjuntura econômica desfavorável quanto da dificuldade de o Estado brasileiro desenhar políticas públicas mais efetivas para a inovação.

Nesse período, o mundo atravessou uma crise que, obviamente, teve impactos nos investimentos em inovação.

Em virtude disso, em países como os EUA e a Espanha, os investimentos empresariais em P&D em relação ao PIB caíram. No primeiro caso, essa relação passou de 1,97% para 1,83% e, no segundo, de 0,74% para 0,71%.

É claro que existem exceções e que seria muito melhor se estivéssemos entre elas. A China, mesmo com a crise, aumentou seus investimentos empresariais em P&D de 1,08% para 1,39% do PIB.

Além da crise, os preços internacionais de commodities ainda em alta e uma conjuntura de perda de dinamismo da indústria (setor responsável por mais de 70% dos investimentos empresariais em P&D no país) contribuem para aprofundar a especialização produtiva do país em setores tradicionais e de baixa intensidade tecnológica.

Após a crise de 2008, com a relativa estagnação da produção e da produtividade industrial, esse movimento se aprofunda.

Por outro lado, ao abrir os dados da Pintec por setor, observa-se que a relação P&D/faturamento da indústria de transformação passou de 0,75% para 0,83% e que esse crescimento se deu principalmente nos setores de maior intensidade tecnológica.

Este é o paradoxo: o esforço tecnológico aumenta em segmentos importantes da indústria, mas a participação desses segmentos na economia diminui, o que explica a estagnação da relação entre P&D e PIB.

As políticas públicas, por sua vez, não foram capazes de reverter essa tendência. Na última década, o país consolidou um cardápio relativamente completo de políticas de inovação: incentivos fiscais, subvenção, crédito subsidiado, entre outros.

Apesar desse conjunto de políticas apontar na direção correta, faltam-lhe elementos fundamentais, especialmente foco, priorização e volume adequado de recursos.

Iniciativas como o programa Inova Empresa tentam superar as limitações, mas seus resultados só serão observados no futuro. Entretanto, de nada adiantará uma política tecnológica atuando para ampliar a intensidade de P&D na economia se outras políticas apontarem na direção oposta. O resultado será, na melhor das hipóteses, um paradoxo como o que foi observado na última Pintec.


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