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BC decide manter em 2014 programa para conter dólar

Objetivo é impedir alta na cotação, motivada pela recuperação dos EUA

Ata da reunião em que juros básicos foram elevados para 10% já mencionava o risco do câmbio para a inflação

GUSTAVO PATU DE BRASÍLIA ANA ESTELA DE SOUSA PINTO EDITORA DE "MERCADO"

No mesmo dia em que indicou maior preocupação com a alta do dólar, o Banco Central anunciou que continuará a ofertar a moeda americana ao mercado em 2014.

Trata-se de enfrentar a ameaça mais imediata de turbulência econômica do país: uma desvalorização do real tem o efeito de encarecer os importados e elevar a inflação --em pleno ano eleitoral.

O sinal de temor veio com a divulgação da ata que detalhou os motivos da elevação dos juros do BC de 9,5% para 10%, com indicação de nova alta em janeiro.

No texto, a instituição apontou "focos de tensão e de volatilidade nos mercados de moeda". Trata-se de uma referência à volta das previsões de que o dólar tende a subir com a esperada recuperação da economia dos EUA.

Essas expectativas ganharam força entre junho e agosto, quando as cotações da moeda americana chegaram à casa dos R$ 2,40 e levaram o BC a iniciar o programa de leilões diários de venda de suas reservas cambiais.

Dessa forma, empresas importadoras ou com dívida externa podem se proteger de uma eventual desvalorização do real, reduzindo as tensões no mercado --é o que se chama, no jargão, de "hedge".

"Com alguns ajustes, o BC estenderá o programa de hedge cambial no futuro. Em 2014, o BC não sairá de cena desse mercado", disse o presidente do órgão, Alexandre Tombini, na federação dos bancos, em São Paulo.

O anúncio surtiu efeito e o o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou o dia em queda de 0,76%, a R$ 2,361. Anteontem, a moeda havia fechado em seu maior valor em mais de três meses.

Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, teve queda de 1,25%, a R$ 2,359.

A perspectiva de recuperação dos EUA é obviamente uma boa notícia para uma economia global em crise -- "uma pequena luz no final do túnel", nas palavras de Tombini. Mas, no curto prazo, o Brasil teria problemas.

A inflação, em 5,8%, está mais perto do teto permitido pela legislação, de 6,5%, do que da meta de 4,5%. Os juros brasileiros, os mais altos entre as principais economias do mundo, teriam de subir mais e deprimir o já anêmico crescimento da economia.

Não por acaso, o BC evitou ser claro ao sinalizar a trajetória futura dos juros na ata de seu Comitê de Política Monetária. Da forma como foi redigido, o texto permitiu ambiguidade nas interpretações.

"O Copom entende ser apropriada a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso", diz o trecho mais importante do documento.

Repetida sem alterações nas três atas anteriores, entre julho e outubro, a afirmação sempre acompanhou elevações de 0,5 ponto percentual da taxa de juros do BC.

Mais abaixo, no entanto, foi ressaltado que os efeitos dos juros demoram a se manifestar --permitindo a leitura de que o aperto já feito ainda apresentará resultados, e a próxima alta, em janeiro, pode ser de só 0,25 ponto.


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