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Especial PIB em fatias
7 especialistas destrincham PIB do país e apontam cenários possíveis
Sob a presidente Dilma, economia cresceu em ritmo fraco e previsão é de menos vigor em 2014
Confiança do empresário e do consumidor são principais gargalos para o crescimento
O Brasil cresceu pouco nos três primeiros anos do governo da presidente Dilma Rousseff e retomou o padrão de "voo de galinha", com decolagens de alcance curto e numa velocidade limitada.
De 2011 a 2013 (acumulado em 12 meses), o PIB subiu a uma média anual de 2%, inferior aos 2,1% do segundo mandato FHC (1998-2002).
Foi o menor crescimento que um presidente havia entregue a seu sucessor até então. Na época, o país sofreu com crises cambial, de energia e pré-eleições de 2002.
O melhor veio com o segundo mandato de Lula (4,6%, na média anual). O motor foi o consumo, acelerado pelo aumento da renda --advinda da ascensão da "nova classe média"-- e por desonerações de impostos.
A presidente Dilma têm mais um ano e um trimestre de gestão. Mas as previsões apontam para um crescimento de até 2,5% neste ano e em torno de 2% em 2014.
Ao contrário dos antecessores, Dilma não conseguiu até agora um crescimento anual de 4%, tido como bom para elevar o PIB per capita hoje de perfil intermediário (US$ 12 mil em 2012).
Pesam contra uma recuperação mais firme em 2014 os sinais de enfraquecimento de consumo e investimento, num cenário de juros altos para segurar a inflação --fator que mais macula a popularidade da presidente.
Neste ano, o alarme soou mais forte com a queda no crescimento da economia de 0,5% do segundo para o terceiro trimestre, superior ao previsto por governo e mercado (de -0,3%, em média) e ditada pela forte retração dos investimentos (-2,2%).
Os dados mostraram ainda que as importações seguem melhor do que as exportações --um dos motivos da piora das contas do país. E que a indústria também caminha a passos lentos.
Para 2014, os gargalos ao investimento, ao consumo e à indústria nascem ainda da menor confiança de empresários e consumidores, com o crédito mais caro e o mercado de trabalho já não tão vigoroso --renda e emprego estão em desaceleração.
A demanda das famílias, que reagiu no terceiro trimestre, não teve bom desempenho no ano, num indício de que o modelo de crescimento sustentado pelo consumo dá sinais de esgotamento.