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Vinicius Torres Freire

A era do consumo murcha

Apesar do ritmo ainda bom, comércio cresce no ritmo mais lento em quase uma década

AS VENDAS DO comércio não cresciam tão pouco desde junho de 2004, quando o país se recuperava da recessão de 2003, primeiro ano de Lula 1. É o que se depreende da pesquisa mensal de comércio do IBGE, relativa a outubro e divulgada ontem.

A receita do varejo cresce cada vez mais devagar porque basicamente acompanha a variação da massa salarial (total dos salários pagos), que também desacelera (levando em conta as variações em 12 meses).

Neste século, houve momentos em que a variação do consumo se descolou da variação do total dos salários, como entre o início de 2007 e o início de 2009, por aí.

Nesse período, as vendas do comércio subiam ainda mais rápido, e a massa dos salários desacelerava.

Como isso era possível? Crédito. O total dos empréstimos para pessoas físicas chegou a crescer a mais de 25% ao ano em meados de 2008, em termos reais (descontada a inflação). Agora, em outubro de 2013, crescia a 10%. Não é um ritmo de jogar fora, embora ritmo ditado pelo governo, que turbinou o crédito por meio dos bancos estatais.

A expansão do consumo é baixa?

Não. Apesar de desacelerar, as vendas do varejo estão crescendo a 4,5% (nos últimos 12 meses). Em dezembro, cresciam a 8,4% ao ano. Entre 2004 e 2012, em torno de 7%.

O salário médio sobe menos?

Sim. Cresce no ritmo mais fraco desde meados de 2006, desconsiderado o período de recuperação da recessão de 2009. Mas ainda cresce, acima da inflação.

Acontece mais ou menos a mesma coisa com a população empregada, que ainda aumenta, mas mais devagarzinho.

Neste ano, em particular, o crescimento da população ocupada desacelerou continuamente. Além do mais, há menos gente empregável e/ou interessada em trabalhar.

Por que o crédito cresce menos?

Porque as famílias ficaram mais endividadas. De resto, como a renda anda crescendo mais devagar, o espaço no orçamento para novas dívidas fica menos folgado. Por fim, em parte decorrência dos dois motivos anteriores, os bancos estão menos dispostos a emprestar. Em suma, os bancos, em especial os privados, jogaram mais na retranca por causa do aumento da inadimplência e devido às perspectivas de crescimento econômico mais fracas.

O que vai nos parágrafos acima é uma descrição breve dos motivos mais imediatos da ascensão e queda do "modelo" de crescimento brasileiro neste século.

O crédito vai crescer mais rapidamente no ano que vem?

Segundo os economistas dos próprios bancos, não (o dado saiu ontem numa pesquisa da Febraban).

O desemprego vai aumentar no ano que vem?

Segundo a média das previsões, não, ou muito pouco. Mas a população ocupada vai continuar a crescer mais devagar, assim como os salários, que ficaram relativamente altos, dado o nível de produtividade.

O consumo vai crescer mais rápido no ano que vem?

Há alguma controvérsia nas previsões. Mas não deve crescer muito mais do que neste ano.

O Brasil pode voltar a crescer no mesmo padrão da década passada?

Difícil o crédito e consumo crescerem tão rápido de novo; é impossível que o nível de emprego cresça tão rapidamente. O país precisará investir mais e ser mais produtivo para crescer a 4%. Vai levar algum tempo para isso acontecer de novo.


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