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Dificuldade da obra agora são fundações para 2 dos 27 diques
Consórcio construtor da usina Belo Monte encontra rocha permeável em barreiras
Não faltam obstáculos numa obra do porte da hidrelétrica de Belo Monte. Os mais recentes estão sob dois dos dez diques cruciais para encher o reservatório de 130 km² que alimentará a casa de força principal (a construção toda envolve 27 diques).
Ali serão gerados --nos meses em que as cheias permitirem acionar todas as 18 turbinas-- 11.000 megawatts (MW) dos 11.233 MW de capacidade instalada no empreendimento de R$ 30 bilhões. Os outros 233 MW serão produzidos na casa de força de auxiliar de Pimental, a dezenas de quilômetros de distância.
Os diques são barreiras de terra (argila) e rocha que fecham as partes baixas do terreno onde se formará o lago. Os dois problemáticos, designados como 8A e 8B, mal começaram a ser construídos.
O projeto de suas fundações se baseou na informação de que a rocha subjacente era o migmatito, parente do granito e, como este, impermeável. Já no período de construção, verificou-se que se trata de arenito, uma rocha mais porosa, que poderia provocar vazamentos.
"Pode trazer risco para a obra? Não, não pode", tranquiliza o engenheiro Luiz Alberto Sette, 51. Ele é o gerente do sítio onde fica a casa de força principal, que também leva o nome de Belo Monte.
"[É] uma fundação que pode trazer um pouco mais de atenção, vamos dizer assim." No momento, ela exige que o Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM, contratada pelo empreendedor Norte Energia para fazer a obra) faça o que Sette chama de "campanha complementar de investigação geotécnica".
As obras no sítio Belo Monte avançaram 47% até o início de dezembro. Pelo cronograma, deveria estar em 50%. Apesar disso, Sette mantém o prazo para começar a encher o reservatório, 15 de novembro de 2015, e para acionar a primeira turbina de Belo Monte, 1º de março de 2016.
As unidades menores de Pimental, que no conjunto podem produzir 233 MW (2% da capacidade instalada da hidrelétrica), deveriam começar a ser acionadas em fevereiro de 2015. Segundo Felipe Samary, gerente de Pimental, isso pode ocorrer só em meados de 2015. Cerca de 45% da obra no sítio já foi realizada.
O canal de 20 quilômetros de extensão e 200 metros de largura que vai alimentar o reservatório de Belo Monte, por seu turno, está dentro dos prazos fixados. Por volta de 42% da escavação foi feita, o equivalente a três morros do Pão de Açúcar (sem o morro da Urca).