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Análise comércio exterior

País é o que mais perde com decisão argentina

Brasil é o principal exportador para o mercado vizinho de produtos como carros e peças, alvo das novas restrições

Brasil não tem mesmos problemas externos da Argentina, mas não é por isso que decisão é algo menor

ÁLVARO FAGUNDES EDITOR-ADJUNTO DE "MERCADO"

O objetivo das restrições argentinas à importação de determinados produtos pode ser a deterioração das reservas internacionais do país, mas ninguém sai perdendo mais do que o Brasil.

A conta é muito simples: de quem a Argentina compra esses produtos que são alvo das medidas para o país conseguir "consistências nas contas externas" (nas palavras de Augusto Costa, secretário de Comércio Interior do país vizinho)?

No caso dos veículos de passageiros, dois terços do que a Argentina importa vêm do Brasil, ou quase U$ 4 bilhões de janeiro a novembro.

Pela visão brasileira, a conta é ainda pior: 87% dos veículos exportados neste ano (em valor, e não em quantidade) rumaram ao mercado argentino.

As vendas para o exterior do setor automotivo brasileiro cresceram 29% de janeiro a novembro em relação ao mesmo período de 2012 e ajudaram a explicar por que a produção no país de automóveis, comerciais leves e pesados subiu 12% neste ano.

Para o setor de autopeças, outro dos atingidos, o cenário se repete. Das partes e peças para automóveis e tratores importadas pela Argentina, 47% saíram do Brasil. Pela ótica inversa, 57% desses itens vendidos pelo Brasil foram para o país vizinho.

Esses dois segmentos são alvo das restrições do governo Cristina Kirchner por uma razão simples: eles são fonte de deficit crescente. De janeiro a outubro, a Argentina comprou US$ 4,3 bilhões mais do que vendeu em veículos e peças, alta de 43% ante o ano passado.

Apesar de a Argentina ter superavit no comércio exterior, essa vantagem caiu 27% na comparação com 2012, o que preocupa para um país que perde reservas internacionais (garantia contra uma fuga de investidor externo, por exemplo) quase todos os meses. Elas atualmente são cerca 30% menores do que dois anos atrás.

O Brasil não tem os mesmos problemas externos que a Argentina, que sofre com a falta de credibilidade de seus índices econômicos e com a insegurança jurídica para o investidor, mas não é por isso que a nova decisão do governo Cristina é algo menor.

O primeiro ponto é que a Argentina ainda é um dos poucos mercados importantes em que o setor industrial brasileiro tem força. Barrar a sua entrada lá pode comprometer o emprego por aqui.

O segundo é que, na deficitária balança comercial brasileira (US$ 89 milhões de janeiro a novembro), o país vizinho representa um sinal azul e que cresce, apesar das frequentes dificuldades impostas do outro lado da fronteira para a entrada do nosso produto: as exportações superaram as importações em US$ 3 bilhões, 67% mais do que no ano passado.


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