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Análise - redução de estímulos

Brasil está entre os países mais vulneráveis à mudança nos EUA

Pior cenário seria o de desvalorização mais forte do que a esperada do real

O Brasil é mais vulnerável à possível saída de dólares porque os recursos aplicados aqui por investidores de fora ajudam a financiar o significativo rombo na conta-corrente

ÉRICA FRAGA DE SÃO PAULO

A economia americana continua sendo, de longe, a maior do mundo. Esse fato conhecido explica por que mudanças na condução das políticas nos Estados Unidos mobilizam tanto a atenção nos demais países.

Isso não quer dizer que o impacto de desvios de rumo por lá nas outras nações seja uniforme.

Nem mesmo a crise financeira de grandes proporções ocorrida em 2008 afetou todos os países igualmente.

Naquele momento, o Brasil, por exemplo, esteve no grupo em que o impacto negativo ocorreu, mas foi menor do que em muitos outros mercados emergentes e nações desenvolvidas.

Em 2009, a economia brasileira contraiu 0,3%, ante recuo médio de 2,1% da economia global (medido à taxa de câmbio de mercado).

Agora, o país parece ter mudado de time. Pioras tanto nas contas externas quanto na posição fiscal nos últimos anos fazem com que o Brasil esteja do lado vulnerável à mudança iniciada pelo banco central americano.

Ao anunciar a mudança de política, o Fed confirma que a economia do país está em rota de recuperação. Ou seja, pode começar a se livrar aos poucos da montanha de dólares injetados no mercado para reduzir o custo do crédito e, com isso, estimular o crescimento econômico.

Isso é positivo dada a importante função de motor da economia mundial cumprida pelos EUA. Mas traz implicações que podem ser negativas para alguns países.

O início da retirada dos estímulos monetários tende a levar a um aumento gradual do custo de crédito e do retorno de investimentos financeiros em papéis como títulos do Tesouro americano.

Atraídos por rendimentos maiores, investidores podem optar por transferir recursos de outros países para os EUA.

O Brasil é mais vulnerável a esse possível movimento porque os recursos aplicados aqui por investidores de fora ajudam a financiar o significativo rombo na conta-corrente (que registra, por exemplo, as transações comerciais e de serviços do país com o exterior. Leia mais na pág. B8).

Com menos recursos para cobrir o deficit, o real tenderia a se desvalorizar.

A menor confiança do mercado no comprometimento do governo brasileiro com as metas ficais poderia exacerbar esse movimento.

Uma depreciação mais forte do que a já esperada por economistas em 2014 pressionaria a inflação e aumentaria a dificuldade para financiar o deficit em conta-corrente.

A resposta de política econômica em uma situação desse tipo tenderia a ser uma elevação mais forte da taxa de juros para reduzir a pressão inflacionária e tornar investimentos no país mais atraente. O efeito colateral disso seria uma desaceleração da atividade econômica.

Por outro lado, o fato de o Fed ter começado a retirada dos estímulos antes do esperado pode fazer com que o processo seja mais gradual, e seus efeitos, menos capazes de causar turbulência.

Além disso, os indicadores brasileiros podem melhorar, reduzindo as preocupações em relação ao país.

Como sempre em economia, os cenários são especulações baseadas em dados que retratam o presente.


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