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BC vai reduzir oferta diária de dólares

Programa, que procura segurar a cotação da moeda, passará de US$ 3 bi para US$ 1 bi por semana em 2014

Redução de incentivo à economia dos EUA veio antes do previsto, mas não causa nervosismo, afirmam analistas

VALDO CRUZ DE BRASÍLIA MARIANA CARNEIRO DE SÃO PAULO

Após a decisão do banco central dos EUA de reduzir gradualmente os estímulos à economia americana, o Banco Central brasileiro anunciou que vai diminuir a oferta fixa de dólares no mercado doméstico de US$ 3 bilhões para US$ 1 bilhão por semana.

O anúncio, feito ontem à noite, informa que o novo programa começa a valer no dia 2 de janeiro e vai vigorar pelo menos até 30 de junho.

Para economistas, o BC aproveita a relativa calmaria produzida pelo Fed (banco central americano) para reduzir suas intervenções.

O início da retirada dos estímulos nos EUA ocorreu antes do que previa a maioria dos analistas no Brasil, que esperavam a mudança só em 2014. Mas foi bem recebida.

A interpretação é que a redução dos estímulos será progressiva e que os juros dos EUA não devem subir até 2015.

Com isso, diminui o risco de uma disparada do dólar no Brasil em razão de uma eventual fuga de capitais para os EUA, na esteira da recuperação da economia americana. Isso poderia ser especialmente danoso em um momento em que o deficit externo brasileiro cresce e se aproxima de 4% do PIB.

"O BC viu que tem espaço, que a reação do mercado não vai ser aquela histeria que se falava antes, que o dólar poderia ir a R$ 2,70", afirma o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, sócio da consultoria Quest.

Desde o fim de maio o mercado especulava quando seria o início do corte desses estímulos. O suspense puxou o dólar de um patamar ao redor de R$ 2 para um pico de R$ 2,40. Ontem, o dólar fechou a R$ 2,343.

Foi o aumento acelerado da moeda americana que levou o BC brasileiro a anunciar, em agosto, o programa de oferta fixa de dólares no mercado. A preocupação era que a alta pressionasse a inflação.

Mendonça de Barros considerou a decisão do BC brasileiro "acertada".

"O BC tinha medo de que houvesse uma corrida para o dólar no mundo todo e que aqui a coisa ficaria feia. E o governo não quer o dólar acima do que está porque a inflação ainda está aí."

INSTABILIDADE

Para o economista José Márcio Camargo, sócio da Opus Investimentos, contudo, a decisão do BC pode trazer instabilidade ao mercado e uma alta indesejada do dólar.

Segundo o BC, desde maio já foram injetados no mercado US$ 77 bilhões em swaps cambiais (contratos que equivalem a uma venda futura de dólar) e, até o fim do ano, serão colocados US$ 18 bilhões em leilões fixos de venda de dólares com compromisso de recompra.

Com a extensão do programa, o BC prevê ofertar mais US$ 24 bilhões até junho. A "ração diária" à disposição do mercado vai ser reduzida de US$ 500 milhões para US$ 200 milhões. E os leilões fixos de sexta vão acabar.

O BC informou, no entanto, que pode voltar a atuar nessa frente em caso de falta de moeda que justifique intervenções adicionais e que poderá evitar possíveis turbulências "sempre que julgar necessário".

A decisão do Fed foi bem recebida pelo governo brasileiro. Auxiliares presidenciais torciam para que a medida, que já era esperada, fosse implantada o mais rápido possível para que o Brasil pudesse se adaptar a seus efeitos logo no começo do ano que vem.

A retirada gradual também foi elogiada porque tende a reduzir o grau de turbulência no mercado. O temor era que um corte drástico pudesse ser adotado no final do primeiro trimestre de 2014, com maior potencial de estrago.


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