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Carne brasileira está a um passo de entrar nos EUA

Após medida americana, exportadores do produto bovino creem que abertura do mercado inicie no 1º semestre de 2014

Por causa de barreiras sanitárias, país não consegue exportar carne "in natura" para mercado americano

PATRÍCIA CAMPOS MELLO DE SÃO PAULO MAURO ZAFALON COLUNISTA DA FOLHA

Os governos do Brasil e dos EUA anunciaram ontem a publicação de uma medida técnica que é o último passo antes da abertura do mercado norte-americano para a carne bovina brasileira.

A medida está sujeita a consulta pública nos EUA de 60 a 90 dias, e exportadores brasileiros esperam começar a exportar carne para o mercado norte-americano ainda no primeiro semestre de 2014.

Os EUA são os maiores consumidores de carne bovina (11,6 milhões de toneladas ao ano) e importam 1,02 milhão de toneladas anuais.

Por causa de barreiras sanitárias relacionadas a focos de febre aftosa, o Brasil só consegue exportar para lá carne industrializada, e não "in natura", que é a maior parte das vendas externas.

"É espetacular conseguir abrir um mercado imenso como o dos EUA para a carne brasileira", disse Antonio Camardelli, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec).

"Além disso, temos a perspectiva de abertura dos outros países do Nafta, Canadá e México, e de países da América Central que seguem as regras sanitária dos EUA."

A medida põe fim a uma novela que já leva mais de 15 anos. Começou quando o então ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, pediu a abertura do mercado americano. Mas um surto de aftosa fez o Brasil suspender o processo.

No âmbito do acordo do algodão da OMC (leia texto ao lado), de 2010, os EUA assumiram compromissos de abertura de mercado para a carne suína e bovina. Mas, até hoje, só haviam aberto para exportações de carne bovina e suína de Santa Catarina (que é forte em exportação de suínos, mas pouco expressiva em bovinos).

Com a medida de ontem, 14 Estados poderão começar a exportar para os EUA.

O anúncio da medida seria feito na visita da presidente Dilma Rousseff a Washington, em outubro. Mas foi suspenso com o cancelamento da visita após as revelações de espionagem da NSA.

Em 2014, a Abiec espera exportações de apenas 5.000 a 10 mil toneladas para os EUA, mas que devem deslanchar em 2015.

O Brasil deve exportar cerca de US$ 6,5 bilhões em carne bovina neste ano. Os principais compradores são Hong Kong, Rússia e Venezuela.

O governo brasileiro acha também que a abertura dos EUA pode ajudar a desbloquear os mercados do Japão, da Coreia do Sul, da Indonésia e de Taiwan, fechados para a carne brasileira.

SELO DE QUALIDADE

"A abertura do mercado americano mostrará a mercados como o Japão que a carne brasileira é segura, será um selo de qualidade", diz Lino Colsera, secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura.

Pedro de Camargo Neto, ex-secretário de Produção do Ministério da Agricultura, acredita que haverá oposição ferrenha dos pecuaristas americanos, que, ciosos de seu mercado, devem se manifestar durante o período de consulta pública.

"Mas seria muito difícil conseguirem anular a medida, o que só pode ocorrer se houver algum erro técnico."


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