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Rei do carvão é símbolo de problema chinês

Com dívidas de R$ 10 bi, magnata é exemplo do risco de bolha de crédito no sistema financeiro paralelo do país

Combate ao aumento do endividamento dos governos locais é um dos alvos das reformas anunciadas por Pequim

MARCELO NINIO DE PEQUIM

O magnata do carvão Xing Libin despertou a inveja e a ira dos chineses, em 2012, ao gastar 70 milhões de yuans (R$ 23 milhões) na festança de casamento de sua filha.

Mas a maré virou, com a desaceleração da economia chinesa e a queda na demanda de carvão.

Agora, sua mineradora, a Liansheng, está afogada em dívidas que chegam a R$ 10 bilhões e Xing virou símbolo de um dos principais riscos que rondam a economia chinesa: a bolha de crédito no sistema financeiro paralelo.

No início deste mês o governo anunciou que combater o problema está entre as metas de curto prazo das amplas reformas econômicas decididas em novembro.

A maior preocupação é com o endividamento dos governos locais. Ele explodiu a partir de 2008, quando os bancos ampliaram os financiamentos para infraestrutura, indústria e setor imobiliário, para se proteger da crise financeira global.

O crédito continuou a crescer. O sistema paralelo substituiu os bancos nos financiamentos, pois era acessível a empresas privadas que geralmente tinham problema em obter empréstimos nas instituições oficiais.

A dívida da mineradora Liansheng, porém, ilustra a linha tênue que separa os bancos chineses do mercado paralelo, conhecido em inglês como "shadow banking" ("bancos-sombra").

Obtida pela Jilin Trust, uma das muitas instituições financeiras paralelas, a dívida da mineradora Liansheng virou um produto que era distribuído em parte pelo Banco de Construção da China (BCC), o segundo maior do país.

Gigante estatal com ativos de US$ 2,4 trilhões, o BCC entrou recentemente no mercado brasileiro ao comprar o BicBanco.

PRIORIDADE

Em comunicado divulgado neste mês, a Conferência do Trabalho Econômico Central, que reúne a cúpula do governo chinês, deixou claro que o combate ao endividamento é prioridade.

O governo reiterou que controlará "rigidamente" os empréstimos tomados pelos governos locais.

Segundo a agência Fitch, o endividamento na China subiu de 128% do PIB em 2008 para 216% em 2013. Em julho, o FMI afirmou que escaladas semelhantes do débito deflagraram crises em países da Ásia e América Latina.

"O foco do governo é conter a expansão do crédito", disse o economista Lu Zhengwei, do banco ICBC.

"O nível de endividamento passa a ser um indicador de desempenho, portanto os governos locais estarão sob pressão para fazer menos empréstimos."

Segundo o "Diário do Povo", jornal do Partido Comunista, a restruturação da dívida da mineradora Liansheng será um teste para um ambiente de reformas em que o mercado tem papel "decisivo", como disse o presidente chinês, Xi Jinping.

"Se a restruturação da Liansheng for bem-sucedida, abrirá caminho para o resgate efetivo e pró-ativo de outras empresas que estão em apuros", escreveu o jornal.


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