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China tem desafios para repetir PIB forte
Cenário externo e problemas internos dificultam tarefa do país para conseguir avanço próximo aos 7,7% de 2013
Alta menor no 4º tri ante os três meses anteriores teve influência negativa na Bolsa de SP, que caiu 1%
A economia chinesa fechou 2013 com avanço de 7,7%, ritmo muito superior ao da média global, mas analistas apontam riscos para este ano, à medida que o país muda seu modelo de crescimento.
"A economia chinesa está sofrendo pressão dupla: de dentro, o aumento de salários reduziu sua competitividade; de fora, há queda de demanda dos Estados Unidos e da Europa", disse à TV estatal o especialista em finanças Zhu Ning, da Universidade Jiaotong, em Xangai.
Os próprios dados oficiais divulgados ontem mostram algumas dessas dificuldades. Um exemplo: a renda disponível dos consumidores em 2013 cresceu 7%, o pior resultado em mais de dez anos --a alta em 2012 foi de 9,6%.
A desaceleração do avanço da renda dos consumidores, caso persista nos próximos anos, torna mais difícil a tarefa de continuar a transição de um modelo de crescimento econômico baseado em exportação e investimento para um com maior ênfase no consumo.
Para 2014, a maioria dos analistas acredita que haverá uma desaceleração, segundo sondagem do jornal "Financial Times", prevendo que o PIB chinês crescerá 7,4%.
Caso se confirme, será o menor avanço desde 1990, quando o país sofreu sanções internacionais após o massacre na praça da Paz Celestial.
Nem todos os analistas, porém, estão pessimistas. Para eles, outros dados, além do PIB, devem ser observados.
O consumo de eletricidade, por exemplo, cresceu 7,6% em 2013 ante 2012, quando houve aumento de 4,7%.
"A China consome 1,6 vez mais eletricidade que os EUA. Isso tem a ver com a economia real --é um dado bem mais revelador que o PIB", disse Angang Hu, chefe do Instituto de Estudos Chineses Contemporâneos da Universidade Tsinghua, em Pequim.
Nos mercados brasileiros, ao menos ontem, o crescimento da China (houve desaceleração no quarto trimestre para 7,7%, ante 7,8% no terceiro) ajudou a Bolsa a cair 0,96%, com as principais quedas nos setores de mineração e siderurgia --mais ligados ao país asiático.
REEQUILÍBRIO
Nos últimos meses, os líderes chineses têm reiterado sua determinação em tolerar um crescimento menor que nas três décadas de "milagre econômico", quando o avanço médio do PIB foi de 9,7%.
A prioridade de Pequim é "reequilibrar" a economia, para reduzir a dependência de exportações e pesados investimentos nos setores imobiliário e de infraestrutura.
Em novembro, o Partido Comunista aprovou um ambicioso pacote de reformas destinado a tornar a economia mais eficiente e estimular o consumo doméstico.