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Emergentes são responsáveis pela própria crise, diz gestor

Luis Stuhlberger, do Credit Suisse, diz que não falta dinheiro no mundo e que situação fiscal do Brasil é insustentável

MARIANA CARNEIRO DE SÃO PAULO

A culpa pela forte depreciação de ações, títulos e moedas de países emergentes, ocorrida nos últimos dias, não é dos EUA e da sua política de redução de estímulos.

Na avaliação de Luis Stuhlberger, gestor do fundo Verde, do banco de investimentos Credit Suisse-Hedging Griffo, a responsabilidade é dos próprios países.

"A culpa é dos emergentes. Não vamos culpar os americanos, os europeus e os chineses pelos problemas desses países" afirmou em palestra a investidores ontem.

Stuhlberger é considerado uma espécie de guru entre os gestores do mercado financeiro e administra R$ 20 bilhões em ativos.

Para ele, os emergentes viveram os anos de "dinheiro fácil" acumulando saldos negativos tanto nas contas públicas quanto nas relações com o exterior, o que "já vimos nos anos 1980 e 1990".

Com capitais disponíveis no mundo, os desequilíbrios ficaram esquecidos.

Hoje, porém, ele não acredita que esses recursos tenham secado. "A verdade é que não está faltando dinheiro no mundo. Há US$ 150 trilhões disponíveis", afirmou.

Mas países que não fizeram a lição de casa, como o Brasil, devem sofrer uma maior pressão por reformas e ajustes em suas economias.

O gestor admitiu, contudo, que aumentou a exposição de seus fundos em ativos da Bolsa brasileira, de uma fatia de 10% para 15% desde dezembro. "Comprei um pouco de bancos e Petrobras e obviamente estou arrependido de tê-lo feito", disse ontem, dia em que o Ibovespa (principal índice da Bolsa) caiu 3,13%.

Ele afirma que ações de certas empresas estão muito desvalorizadas e que, durante as eleições, pode haver um ímpeto governamental por mais eficiência nas estatais, o que poderia ter efeito positivo sobre os preços.

Grande parte da análise de Brasil foi dedicada à deterioração das contas públicas.

Stuhlberger estima que as despesas externas tendem a ter uma ligeira melhora em 2014, mas o fiscal deve continuar piorando, com o aumento dos gastos com juros.

Em 2013, ele disse que o governo brasileiro contou com "dois Pelés": receitas extras obtidas com Libra e o Refis.

Mas ele diz que a situação fiscal é insustentável e está por trás do aumento das taxas de juros de longo prazo.

O período de aumento das receitas duas vezes acima do PIB ficou para trás. E agora elas devem crescer perto de 2% ao ano. As despesas subiram 7% em 2013.

Para evitar que esse descompasso gere um deficit fiscal de grandes proporções, o governo deverá elevar impostos ou fazer reformas, disse.


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