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Investimento no setor foi 'tímido' no ano
(GABRIEL BALDOCCHI) DE SÃO PAULOA retomada da produção de bens de capital, voltados para investimento, não sugere ainda ampliação do parque produtivo.
Dados do IBGE mostram que boa parte do crescimento de 13,3% se deu como resultado da atividade nas montadoras de caminhões e revelam timidez na produção de bens para a indústria, como prensas e caldeiras.
A produção de caminhões cresceu 43% no ano passado, recuperando-se de perda semelhante no ano anterior, quando o setor foi afetado por uma mudança no padrão de motor que abalou as vendas.
A queda nas linhas de montagem de veículos de carga havia levado a produção de bens de capital a uma retração de 11,8% em 2012.
Como resultado da retomada no ano passado, a divisão de transportes avançou 17,95%, o segundo melhor resultado dentro do grupo de bens de capital e o de maior peso, com 36% do total.
A surpresa negativa na indústria em dezembro confirma a importância dos caminhões para a produção dos bens considerados de investimento. O recuo de 11,6% foi em boa parte atribuído às férias coletivas concedidas pelas montadoras.
Já a produção de máquinas para a própria indústria cresceu em ritmo menor (6,82%) e representou menos da metade do impacto dos caminhões no resultado de bens de capital no ano passado.
Dados de consumo de 2013 reforçam a tendência. Cálculo feito pela Abimaq (associação dos fabricantes de máquinas) mostrou estabilidade (-0,2%) na demanda por máquinas e equipamentos. A conta inclui as importações e exclui as vendas externas.
O nível de utilização da capacidade instalada do setor industrial está praticamente estável há um ano, o que não sugere investimento mais firme na compra de máquinas para ampliação e modernização das fábricas.
FATORES NEGATIVOS
Em que pesem juros muito baixos do BNDES para a compra de máquinas e caminhões, além da perspectiva de retomada da economia global, os empresários enfrentam uma série de fatores negativos.
A desaceleração do consumo, a restrição no crédito, concorrência com importados e as previsões de crescimento modesto da economia tendem a moderar a compra de máquinas.
Para o economista Leandro Padulla, da consultoria MCM, os caminhões devem perder importância no investimento, mesmo com a ajuda das concessões de serviços públicos.
A previsão é que os investimentos do país desacelerem de um crescimento de mais de 6% em 2013 para 4,2%. "Este começo de ano vai ser ruim para setor. Talvez para o segundo semestre tenha algum crescimento."