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Verão recorde

Frutas clareiam, diminuem e encarecem

Calor noturno faz uva embranquecer e maçã amarelar; banana e mamão amadurecem mais rápido e preço sobe

Ícone do verão, melancia teve reajuste de 36% em relação há um mês; preço das verduras dispara

MAURO ZAFALON COLUNISTA DA FOLHA INGRID FAGUNDEZ DE SÃO PAULO

O forte calor registrado nas últimas semanas no país está mudando até o visual das frutas. Os consumidores vão encontrar uvas com coloração mais branca do que o normal, enquanto a tradicional maçã vermelhinha chega ao mercado mais amarelada.

Isso acontece porque as frutas precisam de uma variação grande de temperatura entre a noite o dia. Neste mês, no entanto, os termômetros não mudaram tanto.

Além disso, o calor provoca um amadurecimento precoce e redução no tamanho das frutas. Entre as que têm um amadurecimento antecipado, estão mamão e banana.

Apesar dessas alterações, não há queda de qualidade, diz Mayra Monteiro Viana, analista do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Mas o efeito do clima seco acaba afetando tanto consumidores como produtores. Devido à queda de tamanho das frutas e de produtividade por hectare, o volume vendido cai e a receita também, segundo a analista do Cepea.

PREÇOS

"Está tudo muito caro, ainda mais para a gente que faz feira toda quarta. Vou gastar uns R$ 40. Antes, gastava R$ 30", diz a servidora Heloisa Valero, 67, que faz compras na feira da Liberdade, no centro de São Paulo.

O início do ano sempre é um período de alta nos preços de frutas e legumes. Neste, no entanto, a seca trouxe alguma pressão a mais.

Entre as frutas, o mamão tipo papaia tem aumento de 3,4% em 30 dias, mas o do tipo formosa acumula elevação bem maior: 30%. Um dos destaques no setor é a melancia, cujo preço teve reajuste de 36% em relação há um mês.

A alta no preço da fruta, muito consumida no verão, fez com que a fotógrafa Luci Yizima deixasse de comprar uma melancia inteira e levasse apenas a metade da fruta.

"Outro dia levei uma de R$ 25. O pessoal do trabalho achou um absurdo."

A divisão também é praticada pela representante autônoma Vanda Back, 60. Ontem, ela comprou só um quarto da fruta, por R$ 6.

"No ano passado, comprava por R$ 3. Estou pagando estritamente o que como."

As alterações na produção, que levam ao aumento de preços, ocorrem porque janeiro e fevereiro, sempre caracterizados por um período chuvoso, registram forte seca neste ano.

Há 11 anos na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), Josmar Macedo diz que o setor de hortifrútis vive um período atípico.

"Sempre nos preparamos --e conhecemos bem-- para os efeitos do excesso de chuva neste período do ano, mas a seca é uma novidade a que não estamos acostumados."

A situação é bem pior, no entanto, no caso das hortaliças, em que a qualidade do produto está muito ruim, segundo Macedo. Algumas verduras, como a alface, sofrem uma grande pressão nos preços devido ao calor.

Os preços atuais da alface lisa extra superam em 142% o de há um mês. No mesmo período, o pimentão verde extra teve alta de 122%, e o tomate salada extra subiu 71%.

Ontem, na Liberdade, alguns feirantes reclamavam do tamanho do pé da alface, que, segundo eles, está menor neste ano. Do outro lado do balcão, além da aparência, os consumidores reclamavam dos valores cobrados.

Segundo os analistas do Cepea e da Ceagesp ainda é muito cedo para uma avaliação sobre o comportamento dos preços e de possível redução de oferta de produto nos próximos meses. A volta das chuvas dará normalidade ao setor.


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