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Vaivém das commodities
MAURO ZAFALON mauro.zafalon@uol.com.br
Calor diminui oferta de feijão no semestre
A oferta de feijão está comprometida neste primeiro semestre. O forte calor afetou a produção da primeira safra, que acabou de ser colhida, e já afeta a segunda, que está sendo semeada.
O resultado é que o mercado voltará a ter um abastecimento normal apenas com a terceira safra, semeada no segundo semestre.
A avaliação é de Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, de Curitiba (PR). Segundo ele, o forte calor de dezembro impediu o enchimento dos grãos, que ficaram menores do que o normal. Além de uma quebra de 20% na produtividade, parte da safra ficou com um padrão de qualidade abaixo do normal.
A segunda safra, semeada em janeiro e fevereiro, está sendo prejudicada pelo excesso de calor e seguramente terá queda de produtividade, segundo Brandalizze. Para o analista, um retorno das chuvas poderia melhorar a produção da leguminosa neste período do ano, mas as lavouras terão de passar por outro teste ainda: as possíveis geadas a partir de abril.
O problema é que a demanda de feijão supera a produção interna e as importações encareceram com a alta do dólar. O resultado foi um reajuste dos preços internos.
A oferta de feijão é restrita, e os poucos produtores que ainda têm o produto exigem preços melhores. O resultado foi que a leguminosa teve alta de 21% nos últimos sete dias no campo nas principais regiões produtoras, aponta pesquisa da Folha.
A evolução dos preços no mercado atacadista foi ain-
da maior, atingindo 41% no período, segundo o IEA (Instituto de Economia Agrícola). Em média, os preços do
feijão estão em R$ 90 a saca de 60 quilos no campo e em R$ 102 no atacado. Mas já há negócios de R$ 120 a R$ 140, diz Brandalizze.
Essa alta de preços, que se acentuou nos últimos dias, deverá chegar ao bolso dos consumidores e afetar os índices de inflação nas próximas semanas. Por ora, a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) ainda
registra queda de preços em seu índice de inflação, devido à maior oferta de produto em janeiro.
O cenário atual do mercado de feijão indica que a leguminosa poderá repetir
a pressão de preços do ano passado. Há um ano, as pesquisas da Folha indicavam um valor médio de R$ 202 por saca nas principais regiões produtoras.
Soja Alguns produtores do norte do Paraná aguardam a visita dos representantes das seguradoras para iniciar a colheita de soja.
Grãos O pedido de seguro é necessário porque o calor foi tão intenso que afetou o desenvolvimento dos grãos.
Qualidade Além da forte redução de produtividade, os produtores têm dúvida até se cooperativas e tradings vão aceitar a soja colhida.
Bunge A empresa registrou vendas líquidas de US$ 61,3 bilhões em 2013, ante US$ 61,0 bilhões no período imediatamente anterior.
Ganhos O lucro líquido, após ter atingido US$ 138 milhões no último trimestre do ano passado, subiu para US$ 306 milhões no acumulado de 2013. Em 2012, havia sido US$ 64 milhões.
Logística Na avaliação dos dados do balanço, a direção da empresa diz que a safra de grãos vai bem na América do Sul, mas o desafio é o escoamento da produção, principalmente no Brasil.
Pesquisa A população urbana não tem muita noção do que é um pé de soja, mas está segura da importância do agronegócio e da oleaginosa no seu dia a dia.
Sete capitais A constatação é de pesquisa da multinacional Syngenta com 1.400 habitantes de sete capitais.
Quem mais conhece A população de Campo Grande está entre as que mais conhecem a oleaginosa.
DE OLHO NO PREÇO
Mercado interno
Café
(R$ por saca) 335,75
Soja
(R$ por saca) 61,41
Nova York
Açúcar
(cent. de US$)* 15,66
Algodão
(cent. de US$)* 87,60
*por libra-peso