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Em liquidação, banco BVA busca saída para ser vendido

Ex-donos querem passar dívida para nova empresa e negociar instituição

Para dar certo, plano que evitaria a falência precisa de aprovação do Banco Central e da maioria dos credores

JULIO WIZIACK DAVID FRIEDLANDER DE SÃO PAULO

Os antigos donos do BVA estão negociando uma última cartada na tentativa de escapar da falência, seis meses depois de o banco entrar em liquidação após o Banco Central considerar que ele não tinha patrimônio para honrar seus compromissos.

Eles contrataram o banco de investimento BTG Pactual, advogados e auditores para montar uma operação que, se der certo, poderá resultar numa reviravolta que permitiria até a venda do que sobrar da instituição financeira.

A Folha apurou que a ideia é transferir as dívidas do BVA, cerca de R$ 4 bilhões, para uma outra empresa, criada só para abrigar os débitos.

Os 3.755 credores do banco se tornariam cotistas dessa empresa e passariam a ser pagos à medida que o BTG conseguir cobrar os devedores.

Com a dívida e os credores ancorados na outra empresa, restaria dentro do banco um crédito tributário de cerca de R$ 1 bilhão.

O plano é vender o BVA para um outro banco --que compraria a instituição só por causa do tal crédito tributário, que pode ser usado para abater o Imposto de Renda.

Para que toda essa engrenagem comece a funcionar, é preciso convencer a maioria dos credores de que essa é a melhor coisa a fazer. Se eles aprovarem, o Banco Central poderá encerrar o processo de liquidação do BVA.

Os ex-controladores Ivo Lodo e José Augusto dos Santos continuariam a responder na Justiça por eventuais irregularidades encontradas na instituição pelo BC, que ainda não concluiu a apuração.

Para conseguir a aprovação dos credores, os responsáveis pelo plano argumentam que, tocado pelo BTG, o processo de recuperação de dívidas será mais rápido do que num processo judicial.

Esse trabalho seria realizado por uma empresa do BTG, que cobrará uma taxa mensal de até 6% do que conseguir receber dos cerca de 500 devedores do BVA.

Quanto mais ela conseguir arrancar dos devedores, mais os credores irão receber. Mas eles podem se preparar para aceitar perdas, já que avaliações anteriores constataram que boa parte das dívidas do BVA é de difícil recebimento.

DÚVIDAS

A Folha apurou que as conversas avançam, mas existem grupos de credores que não acreditam no sucesso da operação, justamente por causa da qualidade dos empréstimos feitos pelo BVA.

"Não vimos a proposta, mas isso parece uma forma de livrar o patrimônio dos antigos controladores", disse o advogado Álvaro Drummond, diretor da Associação dos Credores do BVA.

O grupo de 70 associados representa 7% dos créditos do banco. Para Drummond, a maioria desses créditos é de difícil recuperação.

Segundo ele, mesmo investimentos feitos no BVA com garantia real estão sendo tratados de forma duvidosa.

"As letras imobiliárias, por exemplo, tinham imóveis em garantia. Até agora o BC não se posicionou se podemos ou não executar esses bens. Aliás, não consigo entender por que o relatório do BC sobre o BVA ainda não saiu."

No final do ano passado, o liquidante do BVA, Valder de Carvalho, enviou seu relatório preliminar ao BC, recomendando a falência. Os créditos a receber não cobririam nem 30% da dívida.

Os ex-controladores do BVA correm contra o tempo. Tentam fechar o acordo antes que o banco seja liquidado. Depois, o plano precisaria ser submetido à Justiça, que passaria a cuidar do processo de falência.

Procurados, Ivo Lodo, ex-controlador do BVA, BC e BTG não quiseram se manifestar.


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