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'Efeito Refis' faz Vale ter prejuízo no 4º trimestre de R$ 15 bi
Adesão da mineradora a programa de parcelamento de dívida com o fisco pesa no balanço; no ano, ganho cai 99%
Impacto no resultado foi menor que o esperado; leitura geral do balanco pelo mercado é positiva
Após assumir dívida bilionária com a Receita em novembro, a Vale registrou prejuízo de R$ 14,868 bilhões no quarto trimestre de 2013. Foi o pior desempenho trimestral da história da companhia.
A perda levou a Vale a lucrar apenas R$ 115 milhões em 2013, com uma queda de 99% em relação aos R$ 9,9 bilhões obtidos em 2012.
O resultado se deve à adesão ao Refis, pelo qual a mineradora assumiu e parcelou dívidas com o fisco no valor total de R$ 22 bilhões (R$ 6 bilhões à vista, em novembro, e R$ 16 bilhões em 179 parcelas mensais), referentes ao não pagamento de Imposto de Renda de controladas no exterior. O contencioso durava anos e foi resolvido com o acordo com a Receita.
Segundo a Vale, o impacto do Refis sobre o lucro foi menor do que o estimado inicialmente em novembro, quando da adesão ao programa.
Era esperada uma redução contábil de R$ 20,7 bilhões no resultado da companhia, mas o real peso no balanço ficou em R$ 14,8 bilhões.
A Vale disse que a adesão ao programa gerou uma "considerável" redução nos valores discutidos com a Receita sobre o imposto devido.
O prejuízo, embora tenha sido maior do que o previsto, é tido como pontual diante de uma despesa extraordinária com o pagamento de tributos, segundo Pedro Galdi, analista da corretora SLW.
Na ocasião, o acordo com a Receita foi bem recebido porque equacionava um problema de vários anos.
Para o analista, a mineradora vive uma fase positiva com a ajuda do câmbio (que eleva seu faturamento em reais), o aumento de produção de minério de ferro e os preços em patamar elevado.
Esses fatores ampliaram o faturamento para R$ 106,3 bilhões em 2013, 11,2% acima dos R$ 95,6 bilhões de 2012. Já o Ebitda (indicador da capacidade de geração de caixa) sofreu o impacto da despesa extra com tributos e ficou em 8,4 bilhões, queda de 38% sobre 2012.
A corretora Planner disse, em relatório, que a Vale obteve bons resultados diante de maiores exportações --já sinalizadas anteriormente nos dados da balança comercial do país--, preços maiores e um dólar médio mais alto, o que "permitiu ganho de receitas e margens".
Segundo a corretora, outro estímulo veio da melhora das importações da China. Com isso, as vendas da Vale, em volume, subiram 1% em 2013 e os preços tiveram alta de 4%.
Ontem, apesar da previsão de prejuízo, as ações da Vale subiram 0,25% (ON) e 0,28% (PNA), num dia em que o Ibovespa recuou 0,25%.