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Estudo liga hormônio do estresse a agravamento de crise financeira

Estudo mostra que volatilidade alta reduz apetite por risco, o que pode prolongar crise

CLIVE COOKSON DO "FINANCIAL TIMES"

O estresse que os operadores financeiros sofrem durante períodos de alta volatilidade nos mercados reduz seu apetite por riscos, de acordo com um estudo liderado por John Coates, neurocientista da Universidade de Cambridge e ex-operador em Wall Street. Isso pode prolongar as crises financeiras.

A pesquisa, publicada pela revista científica norte-americana "Proceedings of the National Academy of Sciences", combina trabalho de campo e de laboratório. O professor Coates e seus colegas descobriram que a presença do hormônio de estresse cortisol cresceu em média 68% em um grupo de operadores da City de Londres, em um período de oito dias no qual a volatilidade do mercado se intensificou.

Os cientistas levaram essa descoberta ao Hospital Addenbrooke, em Cambridge, onde usaram farmacologia --tabletes de hidrocortisona-- a fim de elevar o nível de cortisol no organismo dos voluntários, pelos mesmos 68% em período de oito dias.

Ao final do período, os participantes se envolviam em um jogo de riscos e incentivos. O apetite por risco caía até 44%, de acordo com um dos indicadores, naqueles que tinham nível de cortisol elevado.

Coates acredita que as implicações sejam importantes para o mundo financeiro. Quando ocorre em patamares assintomáticos, o estresse afeta o comportamento das pessoas com relação a riscos de uma maneira que as medidas convencionais de risco não são capazes de detectar.

"Existe um poderoso mecanismo psicológico em funcionamento nos mercados, e ninguém --nem os operadores nem os gestores de riscos nem as autoridades econômicas-- tem consciência dele", diz Coates.

O estudo também lança dúvida sobre a suposição de que as preferências quanto a riscos são estáveis. "Essa suposição (...) fundamenta quase todos os modelos econômicos e, na prática, todos os indicadores quanto ao sentimento do mercado", ele diz.

De fato, indivíduos e empresas tendem a travar no exato momento em que os mercados oferecem as oportunidades mais atraentes. Durante uma crise financeira, a economia precisa de mais pessoas que assumam riscos, mas os hormônios de estresse em alta contribuem para a aversão generalizada a riscos, ocasionalmente definida como "pessimismo irracional".

"A resposta de estresse pode, portanto, exacerbar a instabilidade do mercado e prolongar crises", conclui o professor Coates.


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