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Avanço da oferta não dá conta da demanda

Descompasso entre crescimento de gastos de famílias, empresas e governo com o da produção dura nove anos

Alta do deficit nas transações do país com o exterior e maior inflação apontam para esgotamento do modelo

GUSTAVO PATU DE BRASÍLIA

O detalhamento dos dados do PIB (Produto Interno Bruto), divulgado na semana passada pelo IBGE, mostra que, há nove anos, a demanda por bens e serviços cresce acima da oferta.

Ou, em outras palavras, o país está prestes a completar uma década em que a produção não alcança o ritmo dos gastos das famílias, das empresas e do governo para consumo e investimento.

Esse descompasso, que já dá sinais de esgotamento, se manteve no ano passado: enquanto o PIB, que soma indústria, serviços e agropecuária, aumentou 2,3%, as compras dos setores público e privado tiveram alta de 2,9%.

No governo Dilma Rousseff, a oferta acumula expansão de 6,2%, ante 8,8% da demanda. Desde 2005, a primeira cresceu 26,2%, e a segunda, 38,8%.

A diferença é coberta por mercadorias e serviços estrangeiros, por meio de importações. Isso tem levado o país a ter deficit crescentes nas transações com o resto do mundo. Só no ano passado, a conta negativa ficou em US$ 81,4 bilhões, ou 3,7% da renda nacional.

Deficit do gênero não são necessariamente ruins e muitas vezes estão associados à melhora do padrão de vida da população; no caso brasileiro, entraram na conta a queda da pobreza, o aumento do emprego e do crédito.

Mas precisam ser cobertos com investimentos externos no país ou, quando há escassez desses recursos, com uso de reservas internacionais.

Por isso, os deficit não podem aumentar por tempo indeterminado, ainda mais em países emergentes --e os ajustes necessários são, com frequência, dolorosos.

O mais recente deles no país ocorreu ao longo do segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de 1999 a 2002. Custou ao governo tucano menos crescimento, mais inflação e perda de popularidade.

Na época, o dólar ficou mais escasso e as cotações subiram, encarecendo os importados até que as transações com o exterior chegassem ao equilíbrio. Os juros foram elevados para segurar os preços, ao custo de mais desemprego, menos consumo e menos investimento.

A CONTA DOS EXCESSOS

Ainda que não haja perspectiva de um processo tão dramático desta vez, a administração petista já vê pela frente a conta de excessos promovidos nos últimos anos para estimular a economia.

Também alimentada pela demanda, a inflação assumiu um patamar acima dos 5,5%, forçou o atual ciclo de alta dos juros e fez arrefecer o ânimo dos consumidores.

No governo Dilma, a taxa de expansão do consumo das famílias assumiu trajetória de queda e, em 2013, empatou com a de crescimento do PIB.

O mercado também já cobra com mais intensidade a moderação dos gastos públicos, acelerados nos últimos cinco anos em reação doméstica aos efeitos da piora do cenário internacional.

Iniciou-se, ainda, uma tendência de alta da moeda norte-americana, em consequência da recuperação da economia dos Estados Unidos.

Foi o dólar barato que permitiu a escalada do consumo, das importações e do deficit externo do país.


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