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Calote na China faz renascer temor sobre setor de crédito local

Pela primeira vez desde os anos 1990, empresa diz que não vai pagar os juros de títulos de sua dívida

Em outras ocasiões, houve resgaste pelo governo, o que teria alimentado expansão do financiamento

MARCELO NINIO DE PEQUIM

Uma pequena firma de painéis solares de Xangai tornou-se ontem protagonista do primeiro calote corporativo na China desde os anos 1990, soando o alarme para os riscos do inchado mercado financeiro paralelo do país.

A Chaori Solar Energy Science & Technology informou que só poderá pagar menos de 5% dos 89 milhões de yuans (R$ 34 milhões) em juros dos títulos que emitiu em 2012 e venceram ontem.

O calote ocorre enquanto segue em Pequim o evento político mais importante do ano, a sessão anual do Legislativo chinês.

No topo da agenda estão as reformas econômicas, que incluem conter a explosão do crédito. O desregulado mercado financeiro paralelo, conhecido como "shadow banking" (banco de sombras, em inglês), é uma das principais preocupações do Partido Comunista chinês.

A expectativa é que o calote da Chaori tenha sido o primeiro, mas não o último.

Segundo a Standard & Poor's, as dívidas corporativas na China vão somar US$ 13,8 trilhões, passando as dos EUA e virando líderes globais.

Para analistas, foi positiva a decisão do governo chinês de romper o hábito de resgatar empresas em apuro. Com isso, reitera a sua disposição de disciplinar o mercado.

Até agora, o governo e bancos estatais evitaram calotes com resgates de última hora. Isso incentivou investidores a aplicar em títulos corporativos de alta rentabilidade com a convicção de que seriam garantidos pelo governo.

"O default da Chaori mostra que o governo começará a deixar que os mercados decidam o destino dos tomadores de crédito mais fracos", disse a Standard & Poor's.

Se o calote é visto como positivo por alguns analistas, persiste entre muitos o temor de uma onda de defaults e um choque no crédito que poderia afetar a economia chinesa, com efeitos globais.

Em relatório recente, o Bank of America diz que o calote pode ser "o momento Bear Stearns da China", em referência ao início da crise do "subprime" (crédito imobiliário de alto risco), nos EUA.

Para Long Chen, economista da consultoria Dragonomics, o risco de colapso do sistema financeiro é pequeno, mas pode ocorrer no caso de sequência de calotes.

"A China é hoje 10% da economia mundial, então qualquer variação no seu crescimento tem forte impacto global, especialmente para os exportadores de commodities, como o Brasil."


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