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Juro pesa mais para quem ganha menos

Salário do consumidor e modalidade de crédito, que pode cobrar taxas maiores ou menores, influenciam o prazo

Quanto menor a renda, mais tempo é necessário; veja simulações abaixo com três faixas de renda

DE SÃO PAULO

O tempo necessário para pagar os juros de uma dívida pode variar até mais do que dez vezes de acordo com a modalidade de crédito e com o salário do consumidor.

Quanto maior for a renda, menos dias de trabalho serão engolidos pelo encargo financeiro do empréstimo --sem contar o valor inicial tomado como crédito.

SIMULAÇÃO

A simulação abaixo mostra que um trabalhador com carteira assinada que recebeu R$ 810 líquidos por mês em 2013 precisou destinar, por exemplo, 52 dias de sua renda para pagar os juros de uma dívida de R$ 1.000 no cheque especial parcelada em 12 vezes.

O tempo foi mais que seis vezes superior aos oito dias necessários para que um funcionário com salário líquido de R$ 5.000 por mês cobrisse os juros de uma dívida equivalente.

Os cálculos foram feitos pelo economista Samy Dana, da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas), para a Folha.

A grande diferença do peso dos juros sobre a renda ajuda a explicar por que o nível de calote é maior entre os que têm salários mais baixos.

"Para consumidores de renda muito baixa, a alta proporção da remuneração destinada aos juros é inadimplência na veia", diz Altamiro Carvalho, assessor econômico da FecomercioSP (federação do comércio de São Paulo).

Para a mesma faixa de renda, os juros medidos em tempo de trabalho têm grande oscilação segundo a modalidade de crédito contratada.

Linhas mais caras, como cartão de crédito e cheque especial, são as que engolem mais dias da renda.

Ainda segundo a simulação, um trabalhador com salário mensal líquido de R$ 5.000 precisou destinar 11 dias de sua renda para cobrir os juros de uma dívida de R$ 1.000 parcelada em 12 vezes no cartão de crédito no ano passado.

Esse tempo cairia para um dia se o mesmo empréstimo tivesse sido feito por meio do crédito consignado --disponível para funcionários com carteira assinada cujas empresas tenham convênio com bancos para a concessão.

TEMPO É DINHEIRO

O ditado "tempo é dinheiro" reflete, segundo economistas, a mais pura verdade.

"O que a gente vende é o nosso tempo", diz Dana, da FGV. Assim como os dias dedicados ao trabalho são remunerados, o consumidor que se endivida terá de usar um fração do seu tempo, e da sua renda, para pagar apenas os juros do financiamento.

Caso não tivesse feito o empréstimo, o dinheiro consumido poderia ter tido outro destino. "Saber o número de dias de trabalho necessários para pagar os juros dá uma medida da renúncia implícita na decisão de tomar um empréstimo", afirma Dana.

Os juros representam o valor do serviço que o credor cobra para emprestar o dinheiro. Em compras à vista, esse encargo não existe.

De acordo com o consultor de finanças pessoais Mauro Calil, esses conceitos precisam estar claros para o consumidor. "Os juros não agregam nada ao produto comprado."

Para aqueles que decidem --por vontade ou necessidade-- assumir uma dívida, consultores sugerem uma pesquisa minuciosa do custo de cada modalidade.

Também ressaltam que é possível tentar renegociar no banco a troca de uma linha cara por outra mais barata.


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