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Acordos com EUA e Europa trariam alta de 18% no comércio

Cálculo da FGV mostra que haveria avanço de US$ 86 bi ao ano nas transações; deficit seria de US$ 600 mi, porém

Acordo com UE, em negociação há 14 anos, geraria US$ 28,1 bi em exportações e igual quantia em importações

RAQUEL LANDIM DE SÃO PAULO

Se conseguisse abrir os dois maiores mercados do mundo (Estados Unidos e União Europeia), o Brasil teria um impulso no comércio exterior de US$ 86 bilhões ao ano, 18% a mais do que o país transaciona hoje.

O resultado líquido desses dois acordos de livre-comércio, no entanto, seria um déficit de US$ 600 milhões, porque as exportações cresceriam US$ 42,8 bilhões, enquanto as importações avançariam US$ 43,4 bilhões.

Os cálculos foram feitos pelos professores Vera Thorstensen e Lucas Ferraz, da FGV, a pedido do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que reúne 44 líderes de grandes empresas, como Embraer, Gerdau, CSN e Cosan.

Os pesquisadores consideraram redução de 100% das tarifas industriais, 70% das tarifas agrícolas e uma queda de 25% nas barreiras impostas ao comércio, como burocracia aduaneira e exigências técnicas e sanitárias.

Eles utilizaram os modelos matemáticos do GTAP (Global Trade Analysis Project), uma rede global que coletou dados para 57 setores em 153 regiões. Para as barreiras técnicas, trabalharam com estudo da Comissão Europeia.

Um acordo com a Europa, que está em negociação há 14 anos e hoje se tornou prioridade da administração Dilma, geraria US$ 28,1 bilhões em exportações e US$ 28,1 bilhões em importações.

Com os EUA, que saiu do radar do governo, significaria US$ 14,7 bilhões em exportações e US$ 15,3 bilhões em importações.

"Os acordos podem até gerar deficit no curto prazo, mas são a única maneira de nos integrarmos às cadeias produtivas globais e melhorar nossa produtividade. Não podemos nos isolar", disse Pedro Passos, presidente do Iedi e sócio da Natura.

O Itamaraty informou em nota que o Brasil tem uma "extensa" rede de acordos na América Latina, acordos de livre-comércio com Israel, Palestina e Egito e acordos parciais com Índia e África do Sul. Além disso, negocia com o bloco europeu.

Empresários reclamam da amplitude desses acordos e dizem que o país está atrasado. A indústria é favorável à abertura do mercado, apesar de as simulações indicarem que vários setores podem enfrentar prejuízos e vão precisar de tempo para se adaptar.

"Temos que abrir muitas frentes de negociação ao mesmo tempo para ter mais poder de barganha. Dessa maneira, você cria competição pelo seu mercado e consegue mais concessões", diz Diego Bonomo, gerente-executivo da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Ele cita como acordos prioritários EUA, UE, Japão, Canadá e México.

O levantamento do Iedi também estimou o impacto de acordos de livre-comércio com mais oito países, incluindo China, Rússia e África do Sul. Mas os efeitos provocados pela liberalização de comércio com EUA e UE são muito superiores aos demais.

BARREIRAS TÉCNICAS

Como as tarifas de importação nos países ricos são baixas, é na redução das restrições técnicas e ambientais que está metade dos ganhos previstos. "A política de comércio exterior brasileira é anacrônica. Não adianta negociar tarifas quando o mundo discute normas", disse Thorstensen.

Segundo a Folha apurou com negociadores brasileiros que pediram anonimato, o país já entrou na nova agenda. O acordo com a UE prevê queda de barreiras técnicas e sanitárias, mas as conversas pararam aguardando que a negociação de tarifas destrave. Em reunião em Bruxelas na semana passada, os dois blocos não conseguiram marcar a troca de ofertas.


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